Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu São Paulo Datafolha

Tormenta eleitoral

Ascensão de Pablo Marçal na disputa pela Prefeitura de São Paulo bagunça estratégias de políticos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Quando parecia que teríamos em São Paulo uma eleição clássica, isto é, da esquerda inserida no sistema contra a direita não extremista, Pablo Marçal dispara nas pesquisas e embola tudo. É preciso aguardar as próximas sondagens para ver se a chispada de Marçal é um espasmo ou uma tendência. A posição do influenciador encerra inconsistências que podem ser atribuídas ao baixo nível de conhecimento do candidato.

Para dar um exemplo, por mais que Marçal levante bandeiras que soam como música a ouvidos evangélicos, é estranho ver religiosos apoiando com tanto entusiasmo um sujeito que já foi condenado por furto qualificado e é acusado de manter vínculos com o PCC.

O influenciador Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo, em debate na Band - Bruno Santos/Folhapress

Na semana que vem começa a campanha no rádio e na TV. Especialmente o prefeito Ricardo Nunes deverá tentar desconstruir o rival. Outro que deverá atuar contra Marçal é Jair Bolsonaro. O ex-presidente vinha tratando o influenciador com certa ambiguidade a fim de manipular Nunes. Usou-o, por exemplo, para impor ao prefeito o nome de sua preferência para o lugar de vice.

Mas o bolsonarismo já percebeu que essa é uma aposta de risco. Como todo líder com tendências autoritárias, o capitão reformado não pode tolerar o surgimento de figuras que possam fazer-lhe sombra. Mas há aí um problema de ajuste fino. Se a ascensão de Marçal se mostrar de fato sólida, Bolsonaro poderá em algum momento bandear-se para seu lado. O ex-presidente está inelegível até 2030. Seu único capital é o poder de influenciar a direita. Ele não vai querer passar recibo de que não controla sua base.

Se Marçal conseguir desbancar Nunes, o maior beneficiado será Guilherme Boulos. O segundo turno é uma batalha de rejeições. Sei que pode soar meio surreal, mas, numa disputa entre o líder sem-teto e o influenciador de direita, o primeiro é que representaria a opção mais institucional e menos incendiária.

No Brasil, não há risco de morrermos de tédio.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.