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josué gomes da silva

 

26/08/2012 - 05h30

Bônus demográfico

Interessante estudo do Banco Mundial (Bird), intitulado "Envelhecendo em um Brasil mais velho", ratifica as oportunidades inerentes à segmentação etária do país, que está passando pelo chamado "bônus demográfico".

O conceito define o período no qual a proporção de pessoas em idade ativa é alta em relação aos dependentes. A chamada razão de dependência, que tem declinado desde 1965, atingirá seu valor mínimo em 2020 e começará a subir.

O estudo nos dá, portanto, uma preciosa contribuição, mostrando que temos mais oito anos pela frente, num período decisivo para avançar no desenvolvimento, garantindo recursos e programas eficazes para o atendimento da crescente população na terceira idade e das novas gerações.

Nesse sentido, há dois dados a serem considerados com mais atenção: a parcela da população idosa, que representava o equivalente a 11% dos brasileiros em idade ativa em 2005, passará para 49% em 2050; e o contingente de crianças e jovens em idade escolar diminuirá de 50% para 29%, no mesmo período.

Há uma leitura importante a ser feita nessas projeções. Se, de um lado, serão necessários mais recursos para o bom atendimento das necessidades da "melhor idade", aumentará o orçamento per capita destinado à educação. Conforme observa o estudo, as variações na estrutura etária da população resultarão em maiores pressões fiscais sobre os sistemas públicos de saúde e Previdência, mas as reduzirão no tocante ao sistema de ensino.

Assim, de acordo com lúcida conclusão do próprio Bird, a tendência de queda no tamanho da população em idade escolar cria a oportunidade única de ampliar o investimento por aluno em patamares comparáveis aos dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Uma expansão ambiciosa dos gastos em educação, para alcançar os níveis de investimento por aluno daquele bloco em uma década, demandaria incremento no gasto em educação pouco superior a 1% do PIB até 2020. Depois, a proporção diminuiria, obedecendo à queda da população em idade escolar.

Em contrapartida, os gastos em assistência médico-hospitalar deverão aumentar, num prenúncio de que os cuidados com saúde tendem a se converter em um dos maiores desafios fiscais do Brasil.

Entre as oportunidades do "bônus demográfico" e as demandas que a ele darão sequência, temos a imensa possibilidade de trabalhar, promover o crescimento econômico e garantir os recursos necessários para prover saúde, educação e vida digna aos brasileiros.

Não podemos, portanto, desperdiçar esse momento ímpar de transição demográfica.

JOSUÉ GOMES DA SILVA escreve nesta coluna aos domingos.

Josué Gomes da Silva

Josué Gomes da Silva, engenheiro civil pela UFMG e bacharel em Direito pela FMC, mestre em Administração de Negócios pela Vanderbilt University (EUA), é presidente da Coteminas, membro do IEDI e coordenador da Ação Empresarial.

 

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