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julia sweig

 

07/11/2012 - 06h03

Voto indireto é relíquia secular

Assim que eu transmitir esta coluna, vou descer a rua até uma escola próxima de minha casa, fazer fila com meus vizinhos, responder algumas questões para confirmar minha identidade e então darei meu voto para presidente.

Gosto da energia do dia da eleição, do suspense e da cobertura televisiva. Gosto de nossa Constituição, mas o sistema que ela promulgou para a eleição de nossos presidentes é uma relíquia secular. E a tecnologia para a contagem de nossos votos por vezes é ineficiente, inconsistente e, às vezes, confiável.

A maioria de nós vota pessoalmente, mas também temos votação antecipada, votação de pessoas não presentes e alguma coisa que apenas advogados no Estado de Ohio entendem: votos "provisórios". Temos um voto popular, mas o que vale é o voto do Colégio Eleitoral.

No século 18, os "pais fundadores" de nosso país (as mães foram excluídas) criaram um sistema de voto indireto porque achavam que o povão não possuía o discernimento necessário para exercer o voto direto.

Eles alocaram 3/5 de uma "pessoa" a cada escravo adulto do sexo masculino e somaram esse total ao voto masculino branco para calcular a população de cada Estado. Esse total, por sua vez, determinava o número de "eleitores", ou delegados, que cada Estado podia contribuir para um cômputo total nacional, chamado o Colégio Eleitoral.

Embora a escravidão tenha sido abolida desde então e tenhamos o sufrágio universal, o sistema do Colégio Eleitoral é injusto e sobrevive dolorosamente, de modo um pouco pitoresco.

Cada Estado (com poucas exceções) utiliza um sistema do tipo em que o vencedor fica com tudo para entregar seus votos eleitorais, não seu voto popular, a um dos dois candidatos presidenciais. O total de votos eleitorais do Estado é determinado pelo número de seus deputados na Câmara, mais seus dois senadores.

O censo determina o número total de votos no Colégio Eleitoral, que hoje está em 538. Para vencer, o próximo presidente precisa receber 270 votos.

Em 2000, George W. Bush ganhou o voto eleitoral quando a Suprema Corte suspendeu a contagem dos votos na Flórida e deu a Bush os votos eleitorais desse Estado. Al Gore venceu o voto popular nacional e, mesmo assim, perdeu a Presidência.

Desta vez, Obama pode ganhar no Colégio Eleitoral e Romney, no voto popular, com Ohio provocando o problema.

Os dois estão tecnicamente empatados nas sondagens nacionais. Mas nos oito Estados indecisos, onde os eleitores elegem republicanos e democratas e onde os candidatos gastaram mais tempo e dinheiro, Obama saiu à frente por margem estreitíssima na maioria das pesquisas da semana passada.

Meu próprio Estado, o solidamente democrata Maryland, a poucos quilômetros da Casa Branca, não vai determinar o resultado presidencial. Mas temos referendos estaduais significativos sobre casamento gay, cassinos e mais direitos para estudantes imigrantes. Adivinha como vou votar?

@JuliaSweig

JULIA SWEIG é diretora do Programa América Latina e do Programa Brasil do Council on Foreign Relations

julia sweig

Julia Sweig é diretora do programa de América Latina e do Programa Brasil do Council on Foreign Relations, centro de estudos da política internacional dos EUA. Escreve às quartas-feiras, a cada duas semanas.

 

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