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Kennedy Alencar

 

06/07/2012 - 07h00

O que querem Campos e Kassab

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) fazem um jogo casado para ganhar mais poder no eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT).

O primeiro objetivo é tomar do PMDB o posto de aliado preferencial do PT na aliança que deverá apoiar a reeleição de Dilma. Campos deseja a vaga de vice-presidente, hoje com o peemedebista Michel Temer. Kassab sonha ser ministro da petista.

Ambição e alguma bala para isso, ambos possuem. Campos e Kassab presidem, respectivamente, os seus partidos, o PSB e o PSD. Os dois políticos estão empenhados em reforçar o cacife das suas legendas nas eleições municipais de 2012 para crescer nas disputas pela Câmara, Senado e governos estaduais em 2014.

A quebra da tradicional polarização entre PT e PSDB nos pleitos presidenciais não aconteceria em 2014. Campos dá corda à ideia de que pode se lançar numa aventura desse tipo daqui a dois anos porque isso o deixa bem no noticiário nacional. No entanto, correligionários do pernambucano afirmam que ele tem ciência de que seria uma empreitada temerária.

Apenas um desastre econômico poderia tirar Dilma do páreo em 2014. E, nessa hipótese altamente improvável, ainda haveria o fator Luiz Inácio Lula da Silva. Mais: Campos não teria discurso para se afastar de Dilma e Lula. Uma coisa é atacar o PT. Outra, Lula e Dilma.

O segundo e principal objetivo da dupla Campos-Kassab é se posicionar para a sucessão presidencial de 2018. Alojado na vice de Dilma, Campos seria um candidato natural a presidente, com o suporte do PSD de Kassab.

O prefeito de São Paulo não aposta mais no tucano José Serra para um voo presidencial. Decidiu apoiá-lo na eleição paulistana porque deve a ele o cargo de prefeito. A contragosto, Kassab abandonou a intenção de se aliar ao PT de Fernando Haddad, acordo que costurava pensando em ser ministro de Dilma ainda no primeiro mandato dela.

O PSD tem vocação governista. Foi criado para abrigar oposicionistas loucos para aderir ao Palácio do Planalto. Os dirigentes nacionais do partido preferem entrar na canoa de Dilma em 2014. Para a eleição presidencial de 2018, Kassab sinaliza que Campos seria o seu nome preferido.

RUPTURAS ESTIMULADAS

Para o PSB ganhar densidade política, a legenda precisa sair da posição de aliada tradicional do petismo. Por isso, Campos estimulou o rompimento entre PT e PSB em Recife e Fortaleza. Essas capitais são comandadas por petistas em dois Estados governados por socialistas. O projeto é consolidar a hegemonia política do PSB em Pernambuco e no Ceará.

Em São Paulo, onde o PSB é fraco no Estado e na capital, o governador de Pernambuco tirou o candidato do PT do isolamento político. Fez um tremendo favor ao ex-presidente Lula, dando apoio à candidatura do petista Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. Esse movimento rendeu a Campos crédito para ousar em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte.

Em Minas, o governador de Pernambuco age no sentido de dar mais gás ao PSDB de Aécio Neves do que ao PT do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento Econômico) e do ex-ministro Patrus Ananias.

Na capital mineira, o prefeito Márcio Lacerda (PSB) chegou ao poder em 2008 com apoio de tucanos e petistas. Recentemente, o PSB topou a aliança para reeleger Lacerda prefeito, mas se recusou a fechar chapa conjunta com candidatos a vereador do PT.

O PSB esticou a corda, o que levou o PT a retirar o apoio à reeleição de Lacerda e lançar Patrus _um lance que aparentemente fortalece o tucano Aécio Neves, hoje o presidenciável número um do PSDB. Mas Aécio já é forte em Minas. Campos ganhará mais do que o tucano se massacrar o PT em Belo Horizonte.

Em São Paulo, o combinado é deixar a pista livre para o prefeito de São Paulo tentar fortalecer o PSD no Estado se aliando a todo mundo. O jogo de Kassab é transformar o PSD no novo PMDB nacional, uma sigla conservadora com peso municipal e força congressual útil aos presidentes e governadores de plantão.

Resumindo: em 2014, o peemedebismo será o alvo da aliança PSB-PSD. Quatro anos depois, a polarização presidencial entre petistas e tucanos deverá entrar na linha de tiro dessa dupla.

SINAL DE ALERTA

No PT, ouve-se menos críticas ao PMDB. A movimentação de Campos e Kassab causou alarme. Muitos petistas elogiam agora a fidelidade do vice-presidente Michel Temer, que contrariou o próprio partido várias vezes a pedido de Dilma.

IDEIAS E PAPÉIS

Eduardo Campos e Gilberto Kassab são craques na política. Campos faz um governo bem avaliado em Pernambuco. Kassab não vai bem nas pesquisas em São Paulo. O PSD é um partido de centro-direita. O PSB só tem de socialista o nome.
Para um voo presidencial, Campos precisará apresentar suas ideias ao eleitorado sobre os grandes temas do país. Kassab poderá ficar só nos bastidores, o que ele faz melhor.

ADVERSÁRIOS

O avanço da aliança estratégica PSB-PSD é má notícia para alguns partidos. O DEM foi a primeira vítima, desidratado por Kassab. Os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin deveriam se preocupar. O PT sofrerá decepção se julgar que as duas siglas se contentarão em ser meras forças auxiliares no médio prazo.

MEMÓRIA

PSB e PSD já andaram conversando sobre fusão.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve no site às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", que vai ao ar no "Jornal da CBN" às 8h55 de segunda a sexta. Na RedeTV!, apresenta os programas "É Notícia" e "Tema Quente".

 

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