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lúcio ribeiro

 

31/07/2012 - 03h54

Ó, Tricolor!

Nenhum são-paulino, imagino, deu um suspiro tão profundo ao final da goleada contra o Flamengo domingo quanto o novo técnico tricolor Ney Franco. Na volta de Rogério Ceni e com boa partida de Luís Fabiano, Franco ganhou algumas horas para respirar.

O treinador, que trocou um cargo "tranquilo" dentro da seleção pelo comando do São Paulo em tempos nada calmos, por mais que seja conhecedor das coisas do futebol não deve estar entendendo nada.

Franco, além do desafio e de um contrato melhor, provavelmente "comprou" o São Paulo com o pacote inteiro, que incluía a tão famosa estrutura, o auto-apelido justificável de Soberano, a soberba do 6-3-3 que o time construiu bem nos últimos anos. Mas de cara o que viu foi pichações de muro, pegação no pé de jogadores e gritos de burro direcionados a ele logo no segundo jogo. Ney Franco deve ter se achado no Palmeiras ou no Corinthians. Se descascar melhor o São Paulo neste tempo de respiro, vai enxergar de onde vem a turbulência.

O problema maior do SPFC talvez seja a falta de identidade. O time é bom, mas não se encaixa. Felipão, por exemplo, se pudesse, faria titulares de seu Palmeiras pelo menos uns oito jogadores do elenco são-paulino. Mas o São Paulo no São Paulo não está segurando a onda.

Por outro lado, ouço de tricolores de arquibancada que eles não curtem muito jogadores de nomes compostos feitos em Cotia. Por mais que a imagem de futebol-arte tenha grudado no time, por causa do Telê, o são-paulino sempre gostou de jogador cascudo, tipo Mineiro, Pintado, Dinho, Doriva. O que agrava a pressão é que os dois maiores ídolos tricolores parecem já ter prazo de validade. Por mais que Ceni e Luis Fabiano durem um tempo ainda, a torcida já sofre por antecipação a falta de reposição de suas referências em campo.

O futuro amedronta mesmo. Como time mais racional que emocional, o São Paulo sempre se diferenciou administrativamente dos vizinhos. De repente, os outros times começaram a chegar. Tudo bem, o Palmeiras é aquela bagunça interna sem fim, mas Santos e Corinthians crescem e crescem em estrutura, outra ferroada no orgulho tricolor. Sem falar, mas já falando, que em 2013 dois novos e modernos estádios "inimigos" serão inaugurados na cidade, ofuscando o gigantismo de outrora do Morumbi. E, para "ajudar", os rivais já estão garantidos na Libertadores do ano que vem, o torneio predileto.

A venda ou não de Lucas é um assunto nevrálgico no Morumbi, mesmo que a quantia seja fabulosa. Embora ainda um"candidato a ídolo", o craque pode ser uma esperança de futuro para manter o São Paulo no prumo. Um bom dinheiro pode vir se a opção for vender. Mas dinheiro resgata uma identidade?

lúcio ribeiro

Lúcio Ribeiro é jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música. Na versão impressa de "Esporte", escreve às terças sobre "qualquer assunto bom".

 

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