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raul juste lores

 

16/10/2012 - 10h49

Dúvidas sobre Haddad e Serra

As universidades privadas têm sido beneficiadas com milhões de reais das bolsas do ProUni, o programa que patrocina o acesso universitário a estudantes com renda familiar de até três salários mínimos. É ótimo ver milhares de estudantes de baixa renda chegando ao ensino superior, mas fica uma dúvida sobre o Haddad gestor. O que ele pediu em troca às universidades particulares?

Boa parte delas ainda é linha de montagem de diplomas e não entrega grande preparo acadêmico ou profissional. Ao colocar tanto dinheiro público nelas, o governo poderia ter, no mínimo, exigido metas dessas instituições cada vez mais ricas: um investimento mínimo % em pesquisa, a formação de x doutores e mestres, a melhoria de instalações e formação de seu corpo docente. Uma amiga ex-petista fez essa observação há pouco, falando da oportunidade perdida.

Em julho, a presidente Dilma assinou decreto que transforma 90% das dívidas das universidades privadas, de R$ 13,5 bilhões (!!!), em bolsas do ProUni. Sei que as unibans da vida devem comemorar algo assim -- deixam de pagar suas dívidas e criam apenas mais vagas em suas classes já lotadas. Como prefeito, Haddad vai exigir contrapartidas em suas parcerias público-privadas?

Dilma e Haddad engavetaram o kit gay por pressão religiosa. Não há mocinhos nessa história -- e que fácil se rifa a luta contra o preconceito de uma minoria ainda sem direitos iguais.

O chamado kit gay era uma tentativa de se educar os alunos das escolas sobre diversidade sexual. Em um país aonde gays podem ser agredidos em plena avenida Paulista apenas por serem o que são, era um material didático necessário. Não era proselitismo - ninguém vira homossexual por ver gays em cartilhas. Assim como gays vêm casais heterossexuais nas novelas diariamente e não são "convertidos".

Mas ao ressuscitar esse debate se colocando do lado dos preconceituosos e obscurantistas, o prefeito José Serra desperta diversas outras dúvidas sobre uma eventual gestão sua e sobre seu partido. Especialmente sobre que cidade quer construir.

O PSDB paulistano, que até ontem era formado por lideranças do circuito Higienópolis-Jardins-Alto de Pinheiros, não muito diferente dos CEPs dos líderes petistas, anda jogando no lixo sua credencial social-democrata. Ao abrigar pastores evangélicos e ex-chefões da Rota, o PSDB começa a ganhar contornos de extrema-direita. Já seria lamentável o suficiente como estratégia para herdar os votos de Russomanno. É apenas oportunismo ou Serra se converteu?

Para seguir o colunista no Twitter, clique @rauljustelores

raul juste lores

O jornalista Raul Juste Lores é correspondente da Folha em Washington,
ex-correspondente em Nova York, Pequim e Buenos Aires e ex-editor
do caderno 'Mercado', e bolsista da fundação Eisenhower Fellowships. Escreve às quartas-feiras no site. Siga: @rauljustelores

 

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