Ricardo Mussa

Engenheiro de produção, é CEO na Raízen desde 2020 e lidera a força-tarefa de transição energética e clima do B20 Brasil

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Descrição de chapéu mudança climática

Iniciativa privada tem papel ativo para acelerar plano de descarbonização no âmbito do G20

Futuro 'net zero' requer esforço coordenado entre empresas e governos

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Os efeitos devastadores das queimadas no interior de São Paulo são mais um sinal de alerta para reforçar que é cada vez mais urgente adotar esforços conjuntos para acelerar a transição rumo a uma economia "net zero".

Incêndio em mata no bairro de Perus, ao lado do Rodoanel, em São Paulo - Danilo Verpa - 10.set.24/Folhapress

Sem descartar outras causas críticas, é fato que o fogo escalou de maneira brutal em um cenário de forte seca vivido pelo país —a de maior extensão e intensidade dos últimos 70 anos, de acordo com estudo divulgado neste mês pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Para mudar tal quadro extremamente preocupante, não há fórmulas prontas ou soluções fáceis, como bem diz um recente manifesto assinado por mais de 50 lideranças empresariais de grandes companhias brasileiras.

Só há uma certeza: o Brasil precisa acelerar e aprofundar a construção de diretrizes e metas de um plano nacional de descarbonização para ser levado à COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que acontecerá em Belém, em 2025.

E o momento é mais do que oportuno.

No ano passado, o Brasil assumiu a presidência rotativa do G20 até novembro de 2024. E a reunião de Cúpula de Líderes do G20 será justamente no Rio de Janeiro, onde estarão delegações de 19 países-membros, mais a União Africana e a União Europeia.

A iniciativa privada tem papel essencial nesse processo. Não por acaso, foi criado o B20 —fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20, mobilizando quase mil representantes do setor privado dos países-membros.

O chamado "communiqué", documento oficial do B20, reúne todas as recomendações provenientes das oito forças-tarefas do grupo de engajamento do setor privado. Pela primeira vez o documento foi entregue antecipadamente, com o objetivo de ser analisado e influenciar as negociações dos líderes mundiais antes da reunião de cúpula do G20.

O resultado foi apresentado no final de agosto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

São mais de 20 propostas de políticas públicas e três recomendações claras:

1) acelerar o desenvolvimento e o uso de soluções de energia renováveis e sustentáveis para garantir a descarbonização de todos os setores a curto e longo prazo;

2) dobrar a eficiência energética até 2030, possibilitando a redução gradual das emissões, e promover a eficiência dos recursos e a economia circular;

3) promover soluções naturais eficazes para mitigar as mudanças climáticas e aumentar a biodiversidade, com potencial de reduzir de 5 a 12 GtCO2e (bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente) por ano até 2030, contribuindo com cerca de 20% a 50% da redução necessária para estar no caminho das emissões líquidas zero.

Essas recomendações, por si só, já são um grande avanço. Como líder da força-tarefa de Transição Energética do B20 Brasil, acredito firmemente que o atendimento dessas propostas seja um passo essencial para o enfrentamento conjunto dos desafios globais.

O planeta precisa de soluções renováveis, sustentáveis, eficientes e, principalmente, disponíveis. Só assim será possível garantir a segurança energética e manter as metas do Acordo de Paris, pelo qual os países signatários concordaram em limitar o aumento da temperatura global idealmente até 1,5°C.

Para alcançar esse objetivo, é essencial uma colaboração coordenada e diversificada entre governos, empresas, instituições, comunidades e outros envolvidos que olhem, juntos, para um horizonte factível.

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