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rita siza

 

18/02/2012 - 07h00

Se vier aos Jogos Olímpicos... não beba?

Parece que os turistas que viajarem para Londres neste Verão a pretexto dos Jogos Olímpicos vão ter uma pequena (desagradável) surpresa. O caso será ainda pior para os locais, como alertava a rádio pública norte-americana NPR onde ouvi a notícia: é muito possível que toda a gente, britânicos e estrangeiros, tenha de desembolsar o dobro do que costumava pagar pelo prazer de saborear um copo de vinho no restaurante ou pelo privilégio de experimentar a cultura local e encher a cara com cerveja no pub mais próximo do hotel.

O preço das bebidas alcoólicas até pode parecer uma preocupação fútil ou trivial no quadro do trabalho preparatório do comité organizador da Olimpíada e restantes autoridades envolvidas no evento, mas ficamos a saber que é algo que o primeiro-ministro David Cameron leva muito a sério. Beber em demasia, declarou o líder conservador, "é um dos grandes escândalos da nossa sociedade". Não admira, por isso, que o chefe do Governo queira solucionar esse problema para não escandalizar demasiado os seus visitantes.

É uma verdade universalmente aceite que os britânicos gostam de beber, e muito. É uma tradição, uma questão cultural (que, diga-se, não é única e exclusiva às ilhas britânicas), uma fórmula identitária. É também um hábito que aparentemente custa milhões ao erário público - mais de quatro milhões de dólares anuais gastos pelo Serviço Nacional de Saúde, informou o primeiro-ministro. O seu Governo quer abater essa despesa, e porventura, ao mesmo tempo, arrecadar um pouco mais de receita para os depauperados cofres do Estado, recorrendo a uma medida polémica e de eficácia duvidosa para fazer o pessoal beber menos: subir o preço das bebidas, através da adopção de um sistema de preços mínimos para o álcool.

Como era de esperar, a ideia avançada por Cameron esbarrou num imenso coro de protestos. Falou-se de responsabilidade, e de direitos, de criminalidade e de uma visão classista da sociedade... Mas um dos argumentos mais poderosos evocados pelo sector das bebidas, pelas associações de bares e restaurantes e pelo lobby dos supermercados foi o dos Jogos Olímpicos. Os turistas que vieram a Londres para a festa esportiva "vão pagar mais 50% por uma garrafa de vinho do que nos seus países de origem", queixou-se a Wine and Spirits Trade Association.

E aparentemente o Governo esqueceu-se de avisar os organizadores da sua intenção de carregar nos preços do álcool. Não sabemos se a medida obrigará o comité a rever a sua recomendação para a população de Londres evitar as previsíveis complicações no trânsito e nos transportes resultantes das multidões olímpicas. "Não haverá problemas de maior se o pessoal passar pelo pub para beber uma cervejinha antes de ir para casa, evitando assim sobrecarregar os transportes nas horas de ponta", sugeriram os responsáveis pela mobilidade.

rita siza

Rita Siza é jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina. Do futebol ao pebolim, comenta sobre diversos esportes e dedica particular atenção às Olimpíadas. Escreve aos sábados no site da Folha.

 

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