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rita siza

 

19/05/2012 - 07h08

Arroz, feijão e grão

Imagino que o anúncio da escolha da chef Roberta Sudbrack como cozinheira oficial da comitiva brasileira nos Jogos Olímpicos em Londres tenha sido recebido como uma boa notícia.

Tendo em conta que os apartamentos da aldeia olímpica onde vão ficar hospedados os atletas de cada país não têm uma cozinha funcional, e que o restaurante oficial do recinto é o McDonalds, só posso acreditar que a delegação (e o Brasil inteiro) esteja feliz. Sudbrack vai supervisionar a vida culinária no centro esportivo Crystal Palace que será a base de treinamento e quartel general do Time Brasil em Londres, e prometeu refeições que, além de garantirem todas as necessidades nutritivas dos atletas, serão também "experiências íntimas, pessoais e saborosas".

Já se produziram milhões de estudos relativos à importância da nutrição para a performance dos atletas, e já milhões de artigos foram escritos sobre as peculiaridades e extravagâncias dos regimes alimentares do pessoal da alta competição.

De certeza que Roberta Sudbrack terá de pensar num menu diferente daqueles que organiza para o seu restaurante no Rio de Janeiro (embora, quando passei pelo seu website e vi uma foto de um mil folhas crocante de frutas vermelhas, fiquei com a dúvida: os frutos do bosque não são uma das categorias de alimentos recomendados para atletas?)

Mas não me parece que não vá ter de preparar refeições de café da manhã como aquelas que o nadador norte-americano Michael Phelps celebrizou durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Até porque não sei se mais alguém no mundo é capaz de aguentar o regime calórico que o nadador norte-americano Michael Phelps celebrizou durante o treino para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008: três sanduíches de ovo, queijo, alface, tomate, cebola e maionese; uma omoleta de cinco ovos, uma tigela de batatas fritas, três rabanadas e três panquecas de chocolate, engolidas com a ajuda de duas chávenas de café. E isto tudo às cinco da manhã, pouco antes de mergulhar na piscina.

O currículo da Roberta na internet destaca o "senso de brasilidade" do seu trabalho: o recurso aos ingredientes nacionais e às tradições culinárias brasileiras, reinventadas para a contemporaneidade gastronómica. Li na Folha que a chef gaúcha já estava em Londres em busca de fornecedores. Não tenho a mínima ideia sobre a facilidade ou dificuldade de encontrar alguns dos componentes da cozinha do Brasil --imagino que achar camarão ou não seja especialmente complicado, mas quiabo, marmelo, paçoca ou tucupi pode haver ou não. Claro que a delegação olímpica pode sempre jogar pelo seguro e carregar as malas com arroz, feijão e grão.

rita siza

Rita Siza é jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina. Do futebol ao pebolim, comenta sobre diversos esportes e dedica particular atenção às Olimpíadas. Escreve aos sábados no site da Folha.

 

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