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rita siza

 

08/08/2012 - 15h15

Olimpíada tecnológica e social

DE SÃO PAULO

Os ciclistas britânicos, com os seus calções aquecidos, foram totalmente dominantes no Velódromo do Parque Olímpico de Londres. Sete vitórias em dez provas, com o escocês Chris Hoy a alcançar a sua sexta medalha de ouro e tornar-se assim o olímpico com mais sucessos do Reino Unido; a jovem promessa Laura Trott a provar pela primeira vez a delícia do primeiro lugar do pódio; e a querida do público, Victoria Pendleton, a deixar a competição com um sprint final que não valeu ouro mas foi bastante para uma despedida em tons prateados.

Todo o mundo sabia que o Team GB pretendia apresentar-se na sua máxima força no ciclismo, e os títulos dos jornais há muito davam conta de uma série de "inovações" que os britânicos se preparavam para introduzir na disciplina a fim de melhorar a performance dos seus atletas. Será difícil avaliar se foi, efetivamente, por causa da tecnologia inventada para evitar que os músculos dos ciclistas esfriem nos períodos de descanso que os britânicos sobressaíram face aos seus concorrentes. Pode ter a ver com os "ganhos marginais" projetados pelas novas tecnologias na construção das bicicletas, com o quadro de fibra carbônica oca, ou então a diferença foram os novos capacetes aerodinâmicos de um composto de alumínio ou os pneus feitos em seda?

Ouvi um técnico da equipa da Grã-Bretanha fazer piada à custa da incredulidade de um ciclista alemão (ou seria holandês?) que inquiria sobre as . "É que as nossas bicicletas usam rodas bem redondinhas, formam uns círculos perfeitos", ironizou.

Ironias à parte, esta olimpíada é sem dúvida a mais tecnológica de sempre. Quem está a assistir pela TV, com certeza tem percebido a diferença que a mais recente tecnologia pode fazer em termos da transmissão da espetacularidade do esporte - basta pensar, por exemplo, que sobre o circuito do remo de Eton Dorney foi pendurado o mais longo sistema de cabos para a operação de uma câmara remota, com dois quilômetros e meio de cobertura! O que quer dizer que quem esteve confortavelmente sentado no sofá enquanto os atletas remavam, pôde acompanhar os seus esforços de quase todos os ângulos possíveis, porventura com um realismo ampliado pelo 3D ou a Alta-Definição, ou partilhando o ecrã com as imagens de um qualquer outro evento em simultâneo?

Isto para não falar, claro, nas redes sociais. Estes são, verdadeiramente, os primeiros Jogos Olímpicos da era do Facebook e do Twitter - a nadadora australiana Emily Seebohm, de 20 anos, chegou inclusive a explicar que o seu fracasso na final dos 100 metros costas se ficou a dever ao demasiado tempo que passou ligada à rede. Só a cerimônia de abertura gerou um número de tweets infinitamente superior a todos os Jogos Olímpicos de Pequim, e já por várias vezes se ouviram apelos nos altifalantes do parque olímpico pedindo ao pessoal para refrear nas teclas dos celulares, para garantir que a rede de telecomunicações não entra em colapso...

Mas a rápida disseminação da informação possibilitada pelas redes sociais tem contribuído para promover a olimpíada e despertar/alimentar/reter o interesse e entusiasmo do público com os Jogos de Londres: os espetadores dentro do parque olímpico podem seguir de perto os seus ídolos esportivos e "conversar" em tempo real com outros aficionados que não estão no recinto, e que de certeza estão a fazer "curto" em todas as fotos, com inveja e prazer.

rita siza

Rita Siza é jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina. Do futebol ao pebolim, comenta sobre diversos esportes e dedica particular atenção às Olimpíadas. Escreve aos sábados no site da Folha.

 

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