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rita siza
Esporte eleitoral
DO PORTO
Os americanos vão finalmente às urnas na terça-feira, depois de uma campanha que quase toda a gente considera demasiado longa.
Foram meses a ouvir argumentos do Presidente democrata Barack Obama e do seu adversário republicano Mitt Romney: ideias e soluções para criar mais emprego, promover o crescimento da economia, equilibrar o défice público, retirar tropas do Afeganistão, pressionar o regime iraniano, estender a mão aos aliados europeus, aumentar a produção energética, apoiar a educação, eliminar a desigualdade, etc, etc...
Agora, espera-se que os eleitores façam a digestão de todas estas propostas, apreciem as capacidades e características de cada um dos candidatos à Casa Branca e votem em liberdade e consciência. Ou então, que se deixem influenciar pelo resultado do seu time no fim de semana.
Parece esquisito, mas vários estudos detectaram uma "correlação estatística" entre o resultado dos jogos de futebol americano no fim-de-semana antes da eleição e o resultado final da votação. Segundo um estudo de um grupo de economistas de universidades da Califórnia, publicado em 2010 na revista da Academia Nacional de Ciência americana, a vitória da equipa local, mesmo antes da votação, aumenta a probabilidade de vitória do candidato que busca a reeleição em cerca de 1,5% em média. Em alguns casos, as hipóteses de vitória aumentavam até 3% -- na actual corrida presidencial, que todas as sondagens dizem estar em situação de empate técnico, essa é uma margem que pode revelar-se decisiva.
Os dados do estudo são impressionantes: os economistas analisaram os resultados dos jogos de 62 times nas vésperas das eleições (para a Casa Branca, para o Senado, para os Governos estaduais) e o desfecho das respectivas votações, entre os anos de 1964 e 2008. O período de tempo é suficiente longo para se acreditar que as conclusões dos investigadores não são coincidências: o esporte tem uma capacidade tal de entusiasmar uma pessoa, que esse sentimento de satisfação ou contentamento tem um reflexo imediato no seu processo de decisão (politica), levando-o a ser mais tolerante ou generoso com o Presidente que está no poder.
Esse estudo é muito interessante, mas mesmo assim de não permite explicar uma das inúmeras superstições de Washington, que diz que um Presidente conseguirá um segundo mandato se os Redskins, o time de futebol americano da capital, vencerem o último jogo em casa antes da eleição. Desde 1940, essa regra nada científica que liga esporte e política só falhou uma vez, em 2004, quando os Redskins perderam e mesmo assim George W. Bush foi reeleito (mas também é verdade é que sempre houve uma certa dose de "mistério" por trás das eleições de George W. Bush...). Por isso muita atenção ao jogo deste domingo contra os Carolina Panthers...
Rita Siza é jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina. Do futebol ao pebolim, comenta sobre diversos esportes e dedica particular atenção às Olimpíadas. Escreve aos sábados no site da Folha.
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