Como anda a Belíndia?

BELÍNDIA é um termo dos anos 70 que trata da mistura de Bélgica e Índia, países que serviram de comparação com o Brasil daquela época (e de outras), para o bem e para o mal.

As novas gerações de brasileiros talvez não invejem tanto a Bélgica, nação pequena (mais famosa hoje por exportar Stella Artois, a cerveja da moda) que não está entre as mais ricas desta Europa em crise. E a grande Índia, companheira de Bric, é cada vez mais importante economicamente, além de referência cultural, religiosa etc.

O cenário parece diferente para a Belíndia. E é curiosa uma análise futebolística dos seus dois países. A Bélgica, sem fazer muito barulho, está prestes a fazer barulho e voltar a uma Copa (no Brasil!). E a Índia, sem fazer nenhum barulho, já está eliminada do Mundial-14 (teve chance de jogar o de 1950 no Brasil, por desistência de adversários, mas não participou mesmo com a Fifa oferecendo pagar parte da viagem).

O técnico da Bélgica é Marc Wilmots, aquele mesmo que jogou três dos seis Mundiais seguidos da Bélgica entre 1982 e 2002 e que marcou um gol legítimo (mal anulado) contra o Brasil nas oitavas do Mundial na Ásia. Foi a última partida de Copa dos belgas, que angariaram vários fãs com times bacanas (que o digam os amigos Arnaldo Ribeiro e Luís Curro).

Mignolet; Vertonghen, Kompany e Vermaelen; Dembélé, Fellaini, Thorgan Hazard e Eden Hazard; Mirallas, Lukaku e Benteke. Eis uma hipotética seleção belga da Premier League, a liga da moda, lembrando que Thorgan Hazard foi comprado pelo Chelsea com o sensacional irmão Eden, mas está, emprestado, no belga Zulte Waregem (Eden jura que Thorgan é melhor do que ele).

Olhe a hipotética seleção brasileira do Inglês: Júlio César (Gomes ou Doni); Maicon (Rafael), David Luiz, Sandro e Fábio (André Santos); Lucas, Anderson, Ramires e Oscar; Guly e Lucas Piazon. Improvisei Sandro na zaga, e vejo a seleção belga no mesmo nível, no mínimo.

A Bélgica, que pode contar ainda com Van Buyten, Simons, Alderweireld e Igor de Camargo, entre outros, está na 40ª posição no ranking da Fifa. Subiu 13 posições em relação à lista anterior (foi quem mais cresceu no top 100), muito por ter vencido por 4 a 2 a agora conturbada rival Holanda. Num grupo cheio de rivalidades, com Croácia, Sérvia, Macedônia e os britânicos de Escócia e País de Gales, a Bélgica tem tudo para escalar o ranking até 2014, talvez até alcançando o Brasil, hoje 12º.

A pobre Índia está na 169ª colocação, sua pior posição na história. Somente um atleta da seleção não atua na humilde liga indiana: Chhetri, que aos 28 anos é do Sporting B, time reserva.

A Índia não melhorou nada. A Bélgica empolga até no cabelo de Fellaini. E o Brasil?

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br