Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sandro Macedo
Descrição de chapéu Mundial de Clubes

E agora, Fluminense é Brasil? Acho que não

Neste mundo tão globalizado, é fácil encontrar simpatizantes do City em qualquer lugar

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Antes dos 30 minutos, o comentarista Roger Flores já sentenciava na transmissão da Globo: "Que jogo doido". Pouco depois, Luís Roberto gritava com a empolgação habitual após uma defesa de Fábio: "Milaaaagreeee". Júnior, o outro comentarista, retrucou: "Foi em cima dele".


De fato, o primeiro tempo foi doido e, de fato, quase todas as conclusões do Al Ahly no gol foram em cima de Fábio —mérito do goleiro quarentão (43), sempre bem posicionado.

No intervalo, certamente o professor Fernando Diniz, que é psicólogo, deve ter ponderado, em tom calmo, ensinamentos junguianos ao pé do ouvido de cada atleta. E o jogo passou a ser controlado pelo Fluminense, que venceu por 2 a 0 com gols de Arias e John Kennedy.

Lance de Fluminense 2 x 0 Al Ahly, na Arábia Saudita - Giuseppe Cacace/AFP

No fim, o Fluminense fez a egípcia e virou a cara para o medo provocado recentemente pela semifinal do Mundial de Clubes (que está em seu último ano no atual formato).

Falta pouco para que venha a tão sonhada final reunindo os pensadores Diniz e Pep Guardiola —algo que só pode ser impedido se o Manchester City perder a vaga para o Urawa Reds, do Japão, nesta terça (19); para este escriba, é mais fácil o mar Vermelho virar sertão.

Então agora o Fluminense é Brasil no Mundial? Hahaha, faz-me rir (com todo o respeito). Tudo bem que o professor Diniz também tem holerite da seleção, o que o torna técnico do Brasinense, mas nem assim veremos uma debandada pró-tricolor de corintianos, flamenguistas, gremistas, atleticanos e afins.

Fernando Diniz dá instruções a John Kennedy durante a partida - Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Neste mundo tão globalizado, no qual Premier League, La Liga, Bundesliga e até o Sauditão são exibidos na TV, é mais fácil encontrar simpatizantes do City em qualquer vizinhança do que ver apoio entre rivais locais.

Antes era diferente. Este escriba se lembra de quando foi à casa de amigos são-paulinos, na madrugada, para torcer por Raí, Cerezo, Palhinha e o professor Telê contra o Barcelona, em 1992. Era clima de Copa.

Talvez também pela presença de Telê e Cerezo, provavelmente os dois maiores injustiçados na traumática Copa de 1982. E me arrependi da torcida quase no dia seguinte, quando os mesmos amigos são-paulinos começaram a caçoar dos outros coleguinhas.

Enquanto isso, em Manchester, só se fala em outra coisa. É que saiu o sorteio dos confrontos das oitavas de final da Champions, com o promissor (para Guardiola) confronto do City contra o Copenhague, que, como todos sabem, é o melhor time de Copenhague.

O City também vive momento conturbado na Premier League, ocupando apenas a quarta posição, cinco pontos atrás do líder Arsenal (uhu). Sim, cinco pontos atrás do líder é o máximo da preocupação do lado de lá.

Depois do empate em casa contra o Crystal Palace (sabe de quemmmm? De John Textor), alguns analistas apontaram que a fase atual do City pode ser boa para o Fluminense. Este escriba pensa exatamente o contrário. Para Diniz e seus comandados, seria muito melhor pegar o City atropelando todo mundo. Assim, chegariam com soberba. E a soberba sempre foi a principal aliada de um time brasileiro no Mundial de Clubes —foi assim com o Corinthians, na conquista de 2012 diante do Chelsea.

Pegar o City mordido é tudo de que o Fluminense não precisa. A principal curiosidade deste escriba é ver se o time vai jogar de peito aberto contra Haaland, Grealish, Bernardo Silva e Álvarez.

A última vez que, num Mundial de Clubes, quiseram "pagar para ver" se o time do Guardiola jogava tudo isso, foi no excitante desfile Barcelona 4 x 0 Santos, em 2011. Anos depois, Muricy revelou que falou em tom descontraído com os jogadores após a derrota: "Vocês achavam que daria para ganhar dos caras?".

E agora, vocês acham que dá para ganhar dos caras?

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