Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

valdo cruz

 

20/04/2010 - 00h03

Dilma e seus patamares

Romper a barreira do patamar petista de votos e chegar próxima ao do presidente Lula. Esse o principal desafio da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Até aqui, a petista, segundo as últimas pesquisas do Datafolha, chegou naquele tradicional patamar de votos dos petistas registrado em eleições antes do advento do novo Lula, aquele que vestiu o figurino "paz e amor" e ganhou a Presidência em 2002. Antes disso, o PT não conseguia romper a barreira dos 30%. Lula moderou seu discurso naquele ano e conquistou o voto de outros segmentos do eleitorado.

Claro que cada eleição é uma história. E que não é possível dizer com toda segurança que os votos de hoje de Dilma são todos daquele segmento que sempre votou no PT. Mas tudo indica que pelo menos boa parte das intenções de votos da ex-ministra vem desse eleitorado. A última pesquisa do Datafolha mostra que Dilma se estabilizou ali perto dos 30% desde o início do ano. Seu desafio, então, é fazer algo parecido com o que Lula fez em 2002. Conquistar uma fatia extra do eleitorado.

A chave da resposta está na própria pesquisa do Datafolha. Cerca de 14% do eleitorado topa votar no candidato do presidente Lula, mas até agora não sabe que Dilma é candidata nem que ela é a candidata do Lula. É um eleitorado fora daquele grupo que tradicionalmente votava no PT. São pessoas das classes C, D e E, beneficiadas por programas do governo Lula, basicamente do Nordeste.

Na hipótese de Lula convencer, de fato, que todo esse eleitorado vote na sua ex-ministra, e Dilma se mostre uma candidata confiável para esse grupo de eleitores, a petista atingirá o patamar de votos que o atual presidente conseguiu nas duas últimas eleições no primeiro turno --na casa dos 42%, resultado da soma dos 28% que ela obteve na pesquisa, mais os 14% de eleitores que seguem o que o presidente Lula mandar, mas ainda não identificam Dilma como sua pupila.

Os petistas apostam que isso ocorrerá. Confiam que, no momento em que Lula aparecer no programa de TV da campanha, esse eleitorado vai identificar Dilma como sua candidata e passar a declarar voto nela. A dúvida é se a pré-candidata vai conseguir passar para esse eleitorado a confiança e a segurança de que ela merece o apoio do presidente Lula. Até que a campanha de fato comece, contudo, o maior desafio de Dilma, hoje, é manter o atual patamar de votos e evitar uma queda nas pesquisas. Algo que os petistas consideram impossível de acontecer. A conferir.

Dúvidas eleitorais?

Ciro Gomes e Marina Silva, duas incógnitas.

Ciro Gomes está sendo desidratado e já fica abaixo, numericamente, de Marina --10% dela contra 9% dele na pesquisa Datafolha. Cenário posto para que Ciro, isolado, seja colocado para fora da disputa, como sempre desejou o presidente Lula. O risco dessa operação é que, fora da cédula, os votos de Ciro vão mais para Serra do que para Dilma. Será que é um bom negócio para o governo Lula tirá-lo da campanha?

Marina Silva cresceu ligeiramente, dentro da margem de erro da pesquisa Datafolha, e pode se transformar numa eleitora-chave num segundo turno. Aí, a quem ela declara apoio? Serra ou Dilma? O caminho natural, para seu passado político, seria indicar o voto em Dilma. Só que as duas tiveram sérios entreveros durante o governo Lula. E Serra não se cansa de mandar sinais de bons amigos na direção da ex-ministra do Meio Ambiente. Sei não, ela pode acabar liberando sua turma para votar em quem desejar.

Empresários e os candidatos

Numa conversa com um empresário, dono de empreiteira do ramo rodoviário, ele me disse o seguinte. "Nunca o setor viu tanto investimento. No ano passado, foi recorde. E o que mais tem impressionado é que o pagamento tem sido feito em dia, praticamente em dia." Por tudo isso, diz ele, essa turma deve fazer, na eleição, o que o presidente mandar. A conferir. Porque empresário é o bicho mais pragmático do mundo. Lula pode estar sendo bom para eles, mas se sentirem que Dilma não vai ganhar, eles mudam de lado com uma tranquilidade incrível. Não por outro motivo estão, em sua grande maioria, em absoluto silêncio sobre campanha presidencial.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página