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valdo cruz

 

10/06/2011 - 19h21

Dilma: o risco dos estilos

Na queda de braço entre Dilma Rousseff, PT e PMDB, a presidente virou as costas para seus aliados, fez escolhas pessoais ao escalar Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti e montou uma equipe palaciana com sua cara. Resultado: mostrou aos aliados quem manda, mas aumentou e muito sua responsabilidade daqui para a frente.

Futuros erros na articulação política serão debitados diretamente na conta da presidente, que terá na equipe duas neófitas a comandar áreas-chaves. Se tudo der certo a partir de agora, Dilma será festejada. Se der errado, terá de se submeter ao apetite dos aliados, algo que ela se recusou a fazer na primeira crise de seu governo.

E o risco de novas turbulências é, potencialmente, elevado. Afinal, Dilma e Ideli têm um estilo semelhante de enfrentamento e temperamento forte, nada recomendável para quem está no comando da articulação política do governo.

As mudanças promovidas pela presidente foram uma demonstração do seu modo de operar, num momento em que petistas, secundados por peemedebistas, viram na crise do ex-ministro Antonio Palocci uma oportunidade para aumentar seus poderes dentro do Planalto.

O PT, principalmente, trabalhou forte para desestabilizar Palocci. Atingiu seu objetivo, mas ficou a ver navios quando Dilma escolheu solitariamente a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para Casa Civil. Os petistas sonhavam influir na escolha. Ficaram no mundo dos sonhos.

Depois, não só derrubaram o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais), como disputaram entre si quem seria o substituto. Operação comandada pelos petistas da Câmara, malsucedida mais uma vez. Diante da disputa interna dos deputados, Dilma optou pela ex-senadora Ideli Salvatti.

No mundo peemedebista, a insatisfação é crescente, mas no campo das aparências a ordem é dizer que está tudo bem. O PMDB queria, e muito, influenciar na escolha do novo articulador político. Foi apenas informado e teve de acolher com elogios o nome de Ideli. Afinal, quando senadora, ela cerrou fileiras para defender os senadores José Sarney e Renan Calheiros em suas crises.

Até aqui, o saldo final dessa primeira queda de braço entre Dilma e aliados é que petistas e peemedebistas se deram mal. A aposta da maioria, porém, é que pelo menos na articulação política uma nova crise já está contratada. E, lá na frente, o troco virá. A não ser que Dilma resolva incorporar o estilo Lula de se relacionar com sua base. Tudo que ela, até aqui, não fez.

Enfim, Dilma mostrou que quem manda no seu governo é ela. Ponto final. Agora, difícil será cobrar obediência de sua base aliada. Parlamentares não gostam muito de receber ordens. Principalmente quando sentem que estão sem prestígio com o governo de plantão.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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