Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

vanessa barbara

 

19/11/2012 - 03h00

Gol de placa da HBO

Terminou ontem a primeira temporada de "(fdp)", série brasileira produzida pela Prodigo Films e exibida pela HBO (a reprise será hoje, às 20h30, na HBO2, e amanhã, às 18h30, na HBO).

Nela, Juarez é um pacato juiz de futebol que ganha a chance de apitar a Libertadores da América (se não quiser saber o desfecho, pule para o quinto parágrafo). Retratada no episódio, a partida final entre um time argentino e um paraguaio termina magistralmente com um gol do árbitro --nos últimos instantes, a bola bate no rosto dele e entra no ângulo.

A ironia: Juarez havia recebido uma proposta de suborno para influenciar o resultado em favor dos argentinos, o que acaba acontecendo de forma involuntária. "Vão falar muito de você no Paraguai hoje", comentou um personagem com a mãe do juiz.

Foi um belo final para uma série que correu bem de uma ponta a outra do campo, como um árbitro trotando com o apito na mão.

Finamente dirigida e fotografada, "(fdp)" estreou em agosto como parte dos esforços da HBO para atender à cota mínima de conteúdo nacional na TV paga. Com meia hora de duração, os episódios são bem escritos, sobretudo nos trechos de partida.

Começam sempre com um sonho de Juarez --no piloto, ele tem devaneios de que está apitando a final da Copa do Mundo e é ovacionado pelos jogadores, após "uma partida dramática, com muita violência, expulsões e lances difíceis", segundo o locutor. Como só poderia ocorrer num sonho, o árbitro sai carregado por uma multidão satisfeita.

No dia a dia, Juarez sofre pressões do chefe e da imprensa. Após transmitir uma doença venérea à esposa, é expulso de casa e perde a guarda do filho. No final de cada um dos 13 episódios, é xingado impiedosamente com todas as letras do palavrão que dá nome à série. O roteiro é de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, com base em argumento de Adriano Civita e Giuliano Cedroni.

Os atores são excelentes, com destaque para o protagonista, Eucir de Souza, e passam ao largo daquela triste entonação de telenovela.

Os momentos mais engraçados ocorrem na mesa-redonda pós-jogo, como, por exemplo, o do merchandising de uma empresa de lentes de contato. O apresentador tenta submeter Juarez a um teste de visão para entender por que ele deixou passar um gol de mão. "Consigo ler, sim. É I de imbecil, P de piranha...", declara o juiz, revoltado. E sai batendo o pé.

vanessa barbara

Vanessa Barbara, jornalista, cronista e tradutora, assina coluna de crítica de TV. É autora de 'O Livro Amarelo do Terminal' (Ed. Cosac Naify, Prêmio Jabuti de Reportagem) e 'O Verão do Chibo' (Ed. Alfaguara, com Emilio Fraia). É editora de 'A Hortaliça' (www.hortifruti.org) e colaboradora da revista 'Piauí'. Escreve aos domingos.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página