Com o leve sotaque, Akiba André Levy, fuzileiro que serviu ao Exército francês livre durante a Segunda Guerra Mundial, ainda tinha, aos 93, histórias para contar.
Akiba nasceu na Argélia, no seio de uma família que observava firmemente as tradições judaicas. A mãe casou-se duas vezes. Akiba teve dois irmãos. Voluntariamente, alistou-se na Marinha Nacional Francesa, aos 17 anos de idade.
Após servir na guerra, viveu dois anos em Casablanca, no Marrocos, onde estudou e trabalhou enquanto a família se preparava para vir para o Brasil.
Akiba chegou ao Rio de Janeiro em 1949, aos 22 anos. Os primeiros dias foram difíceis. Sem falar português e sem condições para procurar emprego, decidiu ouvir rádio para se familiarizar com o idioma local.
Aos poucos, criou uma rotina. Além da busca por uma colocação profissional, frequentava bailes, clubes e as confraternizações que envolviam ex-combatentes. Conheceu uma brasileira, com quem se casou e constituiu família.
Dono de algumas especialidades, como conserto e regulagem de balanças, técnico em mecânica e montador de máquinas, não foi difícil arrumar trabalho.
A vida profissional deslanchou após atuação em uma fábrica de televisores. Ao perceber a falta de componentes para os aparelhos no mercado brasileiro, abriu a própria empresa.
Expandiu seus negócios com a fabricação de outros tipos de material, como estabilizadores, e entrou para o ramo da telecomunicação, com a produção de equipamentos telefônicos.
Chegou a ter 400 operários em sua empresa.
Como empresário, fundou e gerenciou várias empresas, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, onde teve residência na cidade de Pouso Alegre.
Amigo seu desde 2005, o professor e engenheiro Israel Blajberg, 75, presidente da Academia da História Militar Terrestre do Brasil, lembra de Akiba como um homem gentil, educado, que valorizava o trabalho e a educação, e ressalta sua atuação importante no Brasil e a contribuição dada à indústria nacional.
Akiba André Levy morreu no dia 7 de setembro. A causa não foi informada.
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