Descrição de chapéu Rio de Janeiro

'Pressa prejudica justiça', diz advogado de Dr. Jairinho, indiciado pela morte do menino Henry

Defensor Braz Sant'Anna afirma que vai mostrar no processo que 'a história não é essa'

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Rio de Janeiro

O advogado do vereador Jairo Souza Santos, o Dr. Jairinho, indiciado nesta segunda (3) pelo homicídio do enteado Henry Borel, morto aos 4 anos em março, afirmou que a pressa causada pelo clamor público do caso prejudica a justiça e a verdade.

"Tratando-se de réu preso, o Ministério Público tem cinco dias para oferecer a denúncia, mas eu acredito que vão oferecer em dois ou três dias, porque todos estão com muita pressa. Estão esquecendo da legalidade, da regularidade do inquérito policial, estão desprezando toda a garantia que mesmo na fase inquisitorial é assegurado aos acusados em razão do clamor público, do sentimento das pessoas", declarou Braz Sant'Anna.

Em áudio encaminhado à Folha, ele disse que esse "é um caminho muito errado" e que "a defesa vai mostrar no curso do processo que a história não é essa, que a verdade é completamente diferente do que a polícia e o Ministério Público estão querendo mostrar". Os órgãos marcaram uma entrevista coletiva às 11h desta terça (4).

O criminalista afirmou que muitos fatos surgirão quando Jairinho tiver a oportunidade de apresentar sua primeira resposta no processo, após a denúncia: "Aí sim vocês vão ter a oportunidade de começar a vislumbrar uma linha defensiva séria, eficiente e que realmente levará à realização da verdadeira justiça".

Também nesta segunda, Jairinho virou réu em outro caso, pela suposta tortura contra a filha de uma cabeleireira com quem se relacionou de 2010 a 2014. A denúncia do Ministério Público, aceita pela Justiça, diz que as agressões à criança teriam acontecido entre 2011 e 2012.

A adolescente, hoje com 13 anos, contou à Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) que o padrasto bateu sua cabeça contra a parede do box de um banheiro e pisou nela nos fundos de uma piscina. Em depoimento, o vereador negou e disse que mantinha uma relação amistosa com a menina.

Sant'Anna criticou a celeridade com que a Promotoria apresentou essa acusação, no mesmo dia em que o inquérito foi concluído, na última sexta (30).

"O inquérito chegou na mesa do Ministério Público às 14h, e às 16h a denúncia já estava pronta. Parecia que o Ministério Público já sabia qual seria a conclusão do delegado. Esse assodamento só prejudica o que é mais importante para a justiça, que é a verdade."

Henry foi morto na madrugada de 8 de março dentro do apartamento onde morava com a mãe, Monique Medeiros, e seu namorado, Jairinho, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O casal o levou ao hospital, onde ele já chegou morto e com diversas lesões pelo corpo. O exame de necropsia mostrou que ações violentas causaram o óbito.

A Polícia Civil fluminense indiciou os dois sob suspeita de homicídio doloso (intencional). O delegado responsável, Henrique Damasceno, indicou desde a prisão temporária dos dois, em 8 de abril, que seriam empregadas a eles duas qualificadoras: utilização de tortura e impossibilidade de defesa da vítima.

A polícia terminou a investigação sem ouvir a nova versão de Monique, como vinham pedindo seus advogados havia cerca de três semanas. Ela prestou depoimento em 17 de março, dias após a morte do filho, no qual disse que encontrou Henry caído no chão e omitiu episódios violentos prévios de Jairinho.

Depois, porém, escreveu duas cartas mudando sua versão e afirmando que tinha um relacionamento abusivo com o namorado, que a agredia e a ameaçava. Monique relatou que ele lhe deu remédios para dormir naquela noite, como sempre fazia, e a acordou dizendo que o menino estava passando mal.

Também disse que o primeiro advogado do casal, André França Barreto, montou uma farsa para proteger o vereador. Que só aceitaria o caso se eles se unissem e combinassem uma versão, que era monitorada e que a defesa de ambos custaria R$ 2 milhões, conforme os textos divulgados pelo Fantástico, da TV Globo.

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