Esvaziada, Marcha para Jesus homenageia vítimas da Covid

Shows de bandas gospel reuniram evangélicos no Sambódromo do Anhembi nesta terça-feira

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São Paulo

Esvaziada por causa dos protocolos sanitários, a Marcha para Jesus reuniu evangélicos no Sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo, nesta terça-feira (2).

Para acessar a área dos shows de bandas gospel era preciso apresentar o comprovante de vacinação completa. Além disso, crianças e pessoas que tomaram apenas a primeira dose podiam mostrar um teste negativo recente de Covid-19 para entrar no local.

As medidas sanitárias geraram críticas nas redes sociais. A maioria das pessoas reclamou que queria ir ao evento, mas desisitiu porque não tinha com quem deixar as crianças ainda não vacinadas.

Parte da família da auxiliar de atendimento Fulvia Nascimento, 31, ficou em casa devido às restrições impostas pela organização. "Minha filha e meus sobrinhos são crianças, não estão vacinados e não puderam vir", disse, ao lado do marido.

Batizado de "Esquenta Marcha para Jesus 2021", o evento organizado pelos fundadores da igreja Renascer em Cristo, o casal Estevam e Sonia Hernandes, teve ar de preparação para 2022.

Há dois anos impedida de realizar a tradicional caminhada do centro à zona norte de São Paulo por causa da pandemia, a marcha planeja voltar para as ruas em 15 de abril do ano que vem.

No palco, o apóstolo Hernandes rebateu críticas em relação à escolha do Sambódromo para receber a Marcha para Jesus.

Entre um show e outro, foram feitas pregações em homenagem às vítimas de Covid, e testemunhos de pessoas que perderam familiares e amigos para a doença.

Foram pedidas também doações de cesta básica via QR code. "Cada cesta básica custa R$ 55. Você pode doar uma ou duas. Estamos vivendo um momento difícil em que as pessoas não têm o que comer", disse o apóstolo Estevam Hernandes no palco.

Além dele, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) também discursou ao público no fim da tarde ao lado da mulher, Regina Carnovale, filhos e genros. Segundo Hernandes, a realização da Marcha para Jesus precisou do empenho do poder municipal para ser realizada ainda no contexto da pandemia.

"São Paulo é a capital que mais vacinou no mundo, e isso possibilitou estarmos retomando as atividades", disse o prefeito.

A Marcha para Jesus foi um dos primeiros grandes eventos organizados pela administração municipal no pós-pandemia. A organização teve que obter aval da Vigilância Sanitária e assinatura de termo de compromisso para garantir o protocolo sanitário, como a exigência de vacinação e uso de máscaras e álcool em gel.

Policiais militares e agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) faziam ronda entre os espectadores dos shows e alertavam as pessoas que estavam sem máscara a colocá-la.

Para a dona de casa Suellen Andrade, 25, a presença na Marcha para Jesus é o primeiro grande evento que participa desde o começo da pandemia. "Nem acredito que estou na frente de um palco novamente", disse.

O prefeito fez questão de agradecer no palco a presença do casal Hernandes no casamento de seu filho Ricardinho e a nora Amanda, nesta segunda-feira (1). Em seguida, o apóstolo Estevam fez uma oração em agradecimento à lei sancionada pelo prefeito na pandemia que caracterizou as igrejas no município como atividade essencial —o que permitiu que elas continuassem abertas na pandemia.

Nunes acabou sendo a principal autoridade a prestigiar o evento. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que foi em 2019, decidiu não participar este ano.

A decisão salvou a organização da marcha de um possível constrangimento. Como Bolsonaro não se vacinou contra a Covid, ele teria que ser barrado e não poderia entrar.

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