Cabeça de homem é encontrada em praça do Tatuapé onde dupla do PCC foi morta

Polícia investiga se decapitação da zona leste está ligada à guerra interna da facção; corpos mutilados foram encontrados no parque do Carmo e em Suzano (SP)

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São Paulo

Policiais militares de São Paulo encontraram no começo da noite deste domingo (16) a cabeça de um homem ainda não identificado em uma praça na região do Tatuapé, zona leste da capital. De acordo com os registros oficiais, dentro da boca da vítima havia um bilhete ligando a morte à possível guerra interna do PCC.

"Esse pilantra foi cobrado em cima da covardia que ele fez em cima dos nossos irmãos ‘Anselmo’ e ‘Sem Sangue’", diz o bilhete, conforme a polícia. A cabeça estava entre a guia da calçada e o pneu dianteiro de um veículo estacionado na via. Próximo do local também foi encontrado um saco com uma dentadura.

Os nomes citados no bilhete são os de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Magrelo, e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, assassinados em dezembro de 2021 a poucos metros da praça 20 de Janeiro, no Tatuapé, onde a cabeça foi encontrada neste domingo.

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Curiosos acompanham trabalho da polícia em praça da zona leste da capital, onde cabeça de homem foi encontrada com bilhete dentro da boca - Reprodução redes sociais

Conforme imagens de câmera de segurança da rua, um carro aproximou-se do veículo onde estavam Fausta e Corona Neto e, dentro dele, um atirador sacou uma pistola automática e efetuou cerca de dez disparos. Ambos morreram no local.

A polícia investiga a possível ligação do crime com o encontro de partes de um corpo em Suzano, na manhã deste domingo, dentro de sacos de lixo. Junto às partes do corpo havia um bilhete com os mesmos dizeres do outro —"Esse pilantra foi cobrado em cima da covardia que ele fez em cima dos nossos irmãos ‘Anselmo’ e ‘Sem Sangue’".

As partes do corpo foram localizadas por guardas municipais de Suzano na Estrada das Neves, na Vila Barros, a cerca de 30 quilômetros da praça 20 de Janeiro.

Gegê do Mangue, chefe do PCC morto no Ceará
Gegê do Mangue, chefe do PCC morto no Ceará - Divulgação/ SAP

Além do bilhete, os policiais encontraram junto ao corpo uma carteira de reservista e um título de eleitor em nome de Noé Alves Schaun, que tem passagens pela polícia por crimes como homicídio e roubo.

A polícia investiga se a vítima é o dono do título de eleitor encontrado e se as partes do corpo pertencem a mesma pessoa.

De acordo com a Polícia Militar, outro corpo, também sem cabeça, foi encontrado na região do parque do Carmo, na manhã deste domingo. Parte do corpo ainda não identificado estava na rua Zituo Karasawa, do Jardim Bonifácio. Perto do corpo havia um bilhete com a palavra "Ganso", em referência a pessoas que ajudam a polícia com informações da criminalidade e, alguns, se passam por policiais.

De acordo com a Polícia Civil, tanto o corpo encontrado em Suzano quanto o do parque do Carmo estavam sem os membros inferiores e superiores, como também estavam sem cabeça.

Os policiais investigam a ligação desses dois crimes. Além da tese de uma guerra interna do PCC, é apurada a possibilidade dos assassinatos serem uma tentativa de desviar o foco de outras investigações.

De acordo com o colunista do UOL Josmar Jozino, especialista em crime organizado, Magrelo era ligado a Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e a Fabiano Alves de Souza, o Paca, assassinados a tiros em fevereiro de 2018 na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará.

Ainda segundo ele, uma semana depois das mortes de Gegê e Paca, o PCC passou a enfrentar uma sangrenta guerra interna e a violência se espalhou principalmente pelas ruas do Tatuapé. As mortes dessas últimas semanas seriam, assim, desdobramento das mortes de 2018.

Para o promotor Lincoln Gakiya, membro do Ministério de São Paulo especializado no combate ao crime organizado, as mortes não devem parar por aí.

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