Descrição de chapéu Rio de Janeiro Folhajus

Alerj aprova pensão vitalícia para famílias de vítimas da chacina da Candelária

Concessão de benefício ainda depende da sanção do governador Cláudio Castro (PL)

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Rio de Janeiro

A Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) aprovou na última terça-feira (6) o projeto de lei que restabelece a concessão de pensão mensal vitalícia às vítimas das chacinas da Candelária e de Vigário Geral, ambas ocorridas em 1993.

O texto, de autoria do Poder Executivo, segue para o governador Cláudio Castro (PL), que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar a medida.

imagem do alto de caixão cercado por pessoas em enterro
Enterro de Anderson de Oliveira Pereira, morto na chacina da Candelária, em 1993 - Luciana Whitaker - 26.jul.1993/Folhapress

Em uma das chacinas mais impactantes da história, oito crianças e jovens moradores de rua morreram na ação na Candelária, em uma região em que viviam cerca de 70 crianças à época.

Inicialmente, o pagamento foi determinado pela lei 3.421/2000, que previa a concessão de até três salários mínimos às vítimas.

O texto indicava, ainda, que a pensão fosse paga ao cônjuge, companheiro ou ao parente mais idoso, ascendente, descendente e colateral até segundo grau.

Apesar de vitalício, em 2002, o estado decidiu que o pagamento seria suspenso com base em estimativa de vida de até 65 anos de idade. Em 2018, a lei 8.273 restabeleceu o pagamento, mas sem a retroatividade.

No momento da aprovação, estava na Alerj Vera Lúcia da Silva dos Santos, que perdeu oito parentes em Vigário Geral.

"Como a nossa pensão foi cancelada, estamos nessa batalha para receber esse retroativo que vai ser de grande valia, principalmente para nós que moramos em comunidade. Não desejo para ninguém a perda de sua família, porque fica um vazio muito grande. Os meus sobrinhos, que foram sobreviventes, cada um desenvolveu um problema diferente", disse.

Também estavam presentes na aprovação do projeto o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT); o deputado estadual Bruno Dauaire (União); o desembargador José Muiños Piñeiro Filho, que foi o promotor do caso da chacina de Vigário Geral; o procurador-geral do Estado, Bruno Dubeux; o senador Carlos Portinho (PL); e os jornalistas Chico Otávio e Elba Boechat, que à época participaram da cobertura das chacinas.

"Quando estive secretário estadual de Assistência Social, a gente retomou o pagamento das pensões e, hoje, estamos corrigindo um equívoco histórico, que foi essa suspensão", apontou Dauaire.

Vigário Geral

A chacina de Vigário Geral, uma das maiores do estado do Rio de Janeiro, ocorreu na madrugada de 29 de agosto de 1993, quando a comunidade foi invadida por um grupo formado por cerca de 36 homens encapuzados e armados, que arrombaram casas e executaram 21 moradores.

O caso chegou a ser julgado na Organização dos Estados Americanos (OEA) como crime contra os direitos humanos. A chacina teria sido motivada por vingança, após quatro policiais militares serem executados por traficantes na região. Nenhuma das vítimas tinha relação com o tráfico de drogas.

Foram denunciados pelo crime 52 policiais. Só um deles continua preso, em regime semiaberto.

Candelária

A chacina da Candelária aconteceu na noite de 23 de julho de 1993, próximo à Igreja da Candelária, no centro do Rio, resultando na morte de oito jovens. A motivação do crime nunca ficou totalmente esclarecida, mas a investigação indicou que foi uma briga entre policiais militares e um dos jovens.

Oito homens chegaram a ser acusados por crimes relacionados à chacina. Um morreu antes de ser julgado, três foram absolvidos a pedido do Ministério Público e quatro, todos policiais, foram condenados. Eles cumpriram a pena e já saíram da prisão. Um, porém, é considerado foragido após ter tido seu indulto suspenso pelo STJ em 2013.

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