Assaltos na rua com violência lideram temor entre brasileiros, aponta Ibge

Instituto divulga percepção de risco de vitimização em nova Pnad Contínua

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Rio de Janeiro

Um dos maiores medos do brasileiro é ser assaltado ou roubado com violência na rua. Os dados constam na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Vitimização: Sensação de Segurança 2021, divulgada nesta quarta-feira (7).

Quando elencada a percepção do risco de vitimização, 38,7% dos brancos entrevistados responderam que consideram risco médio ou alto de serem assaltados com violência; o índice é maior entre pretos e pardos, com 40,8%.

"A Pnad abordou o tema sensação de segurança junto a uma subamostra de moradores de 15 anos ou mais de idade, com o objetivo principal de avaliar a opinião das pessoas sobre suas sensações de insegurança", disse Alessandra Brito, pesquisadora do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Disfarçado de entregador de aplicativo, criminoso rouba celular de jovem em Moema, na capital paulista, em janeiro deste ano - Reprodução

Em 10 dos 13 tipos de violência investigados, a proporção das pessoas de cor preta ou parda que relataram risco médio ou alto de ser vítima foi maior que a das pessoas brancas. Um exemplo foi o risco de ser confundido com bandido pela polícia, ser vítima de bala perdida e ser vítima de violência policial.

Já a chance de ser vítima mais citada entre os brancos foi a de ter informações pessoais divulgadas na internet, ser vítima de sequestro ou ter carro, moto ou bicicleta roubados.

"A sensação de segurança ou insegurança é associada ao aumento da desordem social, que essa pesquisa mensurou. É importante compreender que a elevação do sentimento de insegurança demonstra também o enfraquecimento do controle social", disse Doriam Borges, pesquisador da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

"Essa pesquisa também mostra que tem um número alto de residências que são cercados por grades e equipamentos de segurança, 68% dos domicílios têm algum dispositivo de segurança. São pessoas vivendo em cidades entre muros. As pessoas também mudam o comportamento e dia a dia, reféns do medo e do risco de violência", completou Borges.

Ainda sobre insegurança, a proporção de mulheres que afirmaram ter chance alta ou média de serem vítimas de violência sexual (20,2%) foi bem maior do que a de homens (5,7%). Entre os homens, destacam-se as chances de ser vítima de violência policial (13,5%) ou de ser confundido com bandido (13,4%).

Furtos em domicílios

Em 2021, 2,9 milhões de domicílios brasileiros tinham pelo menos um morador que havia sido vítima de furto no ano anterior, o que corresponde a 4% do total de residências do Brasil. As entrevistas foram realizadas no quarto trimestre do ano passado.

Os dados são da Pnad Contínua sobre Furtos e Roubos 2021, que pela primeira vez apresenta indicadores sobre o número de domicílios com moradores vítimas de roubos e de furto. O Sudeste lidera o número de pessoas que declararam terem sido vítimas de roubos ou furtos dentro de suas residências, com 1,2 milhão de casos.

No Brasil, em 2021, ocorreram 342 mil furtos de veículos (192 mil de carros e 150 mil de motos) e 388 mil de bicicleta. Houve 1,7 milhão de furtos nos domicílios e 1,4 milhão de furtos fora do domicílio.

As vias públicas foram os principais locais de ocorrência de furtos de carro (75,1%) e moto (68,8%). Para furto de bicicleta, o principal local foi em algum domicílio (66,3%), que poderia ser do próprio morador ou de outra pessoa, seguido pelas vias públicas (21,9%).

Em 80,3% dos furtos de carro e 84,9% dos de moto houve procura pela polícia ou guarda municipal. Para furtos fora do domicílio (não considerando carro, moto ou bicicleta), a procura foi de 44,8%, seguida por 31,4% para furtos de domicílio e 28,5%, de bicicleta.

A PM foi a força policial mais procurada, com mais de 60% nos quatro tipos de furtos: carro (65,7%), moto (65,5%), bicicleta (62,9%) e domicílio (64,4%). Em segundo, está a Polícia Civil: carro (52,8%), moto (50,8%), bicicleta (38,0%) e no domicílio (43,4%).

Nos furtos em que não houve procura pela polícia, os principais motivos informados foram falta de provas (24,1%), seguido de não acreditava na polícia (23,6%), não era importante (22,0%), recorreu a terceiros ou resolveu sozinho(a) (14,4%), outro motivo (9,3%) e medo de represália (6,7%).

Sensação de insegurança

Em 2021, como estratégia de segurança para reduzir a violência, 56,7% das pessoas de 15 anos ou mais de idade evitaram chegar ou sair muito tarde de casa, 53,2% evitaram caixas eletrônicos à noite, 51,2% evitaram usar celular em locais públicos, 49,9% evitaram lugares com poucas pessoas, 49,2% evitaram falar com desconhecidos e 42,8% evitaram usar relógio, joia ou outro objeto de valor.

Em todas as atividades evitadas por motivo de segurança que a Pnad Contínua elencou, as proporções das mulheres que as evitavam eram sempre maiores que as dos homens, sobretudo para chegar ou sair tarde de casa (63,6%), ir a caixas eletrônicos à noite (57,2%) e usar celular em público (57,6%).

Em 2021, entre as pessoas de 15 anos ou mais de idade, 40% afirmaram ter muita chance ou chance média de serem roubadas na rua. A seguir, vieram as chances de serem roubadas no transporte coletivo (38,1%) e de terem roubados carro, moto ou bicicleta (37,2%). Em quarto lugar ficou a chance de ter o domicílio roubado ou furtado (29,5%).

As demais proporções seguem com: pessoas com chance alta ou média de serem vítimas de agressão física (18,1%); estar no meio de um tiroteio (16,4%), ser vítima de bala perdida (16,4%); ter informações pessoais divulgadas na Internet (14,2%); ser vítima de agressão sexual (13,2%), ser assassinado (13,0%); ser vítima de sequestro (11,7%) e, por fim, ser vítima de violência policial (10,9%) ou ser confundido com bandido pela polícia (10,0%).

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