Temporal deixa 2 mortos, bloqueia rodovia e suspende serviços em SC

Primas, de 16 e 17 anos, morreram soterradas após deslizamento de terra atingir casa

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Curitiba e São Paulo

A chuva que atinge Santa Catarina desde a madrugada desta terça (20) deixou duas pessoas mortas, interditou a BR-101 em diversos pontos e suspendeu serviços de saúde e de transporte. Ao menos 140 pessoas estão desabrigadas.

Segundo a Defesa Civil, as regiões mais afetadas são o litoral norte e a Grande Florianópolis. Em Camboriú, duas primas, de 17 e 16 anos, morreram soterradas após um deslizamento de terra atingir a casa em que elas e uma terceira garota, de 9 anos, dormiam.

casa com lama no chão. ao fundo, é possível ver a entrada de um quarto com o teto caído e mais lama
Lama tomou quarto da casa em que dormiam as primas que morreram soterradas após deslizamento de terra em Camboriú - Divulgação/Prefeitura de Camboriú

Em imagens divulgadas pela prefeitura, a casa em que estavam as primas, no bairro Jardim Aliança, aparece cheia de lama, e é possível ver parte do teto que cedeu no quarto. As vítimas chegaram a receber atendimento de socorristas do Samu, mas morreram no local. A criança de 9 anos foi levada para o hospital e já recebeu alta.

De acordo com a prefeitura de Camboriú, 60% da cidade foi atingida por alagamentos —os bairros mais afetados pela água são Santa Regina, Jardim Europa, Monte Alegre, Cedro, Areias, Várzea do Ranchinho e Centro. A Defesa Civil do município afirma que, desde segunda (20), recebeu cerca de 300 chamadas, e 90 pessoas precisaram sair de suas casas, sendo encaminhadas para abrigos da cidade.

A cidade pede ajuda com doações de colchões para os desabrigados, que podem ser entregues no ginásio Francisco Duarte de Souza, localizado ao lado da Escola Clotilde Ramos Chaves.

Serviços de saúde, incluindo as unidades de saúde de Camboriú, suspenderam os atendimentos nesta terça-feira —cirurgias já agendadas também foram adiadas. Emergências estão sendo atendidas no PS do Hospital Cirúrgico de Camboriú.

A Defesa Civil de Balneário Camboriú, também no litoral norte, reforçou os alertas na manhã desta terça. A cidade tem sete pontos de alagamentos, e o principal deles é na 6ª avenida. Segundo o órgão, dois abrigos foram disponibilizados para pessoas desalojadas.

Agendamentos em unidades básicas de saúde foram suspensos, e emergências podem ser atendidas na UPA Nações, no PA da Barra e no Hospital Ruth Cardoso. O transporte também foi afetado.

"Devido aos transtornos e alagamentos nas principais vias da cidade causados pelas fortes chuvas que caíram nas últimas horas, a operação do transporte público na cidade ficou impossível", diz o órgão.

Nas redes sociais, imagens mostram veículos circulando pela faixa de areia da praia que foi alargada, para fugir dos alagamentos.

Em Florianópolis, a circulação de ônibus foi afetada em razão da enchente, especialmente das linhas que passam pelo bairro Ingleses e pela SC-401.

No Balneário de Piçarras, nos bairros Morretes e Nossa Senhora da Conceição, e na cidade de Águas Mornas, o fornecimento de água está prejudicado após a estação de tratamento da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) ficar alagada.

Estação da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) ficou alagada, prejudicando o abastecimento de água em Piçarras e Águas Mornas - Divulgação/Governo de SC

ESTRADAS

Por causa das chuvas, a BR-101 foi totalmente bloqueada na altura do Morro dos Cavalos, em Palhoça. No meio da tarde ela foi liberada provisoriamente, com trânsito lento e filas de 20 km, segundo a PRF de Santa Catarina.

Em Balneário Camboriú, a BR-101 também precisou ser totalmente bloqueada por causa da chuva, mas foi parcialmente liberada durante a tarde. Os congestionamentos registravam 15 km de fila.

Em Piçarras, alguns trechos das marginais bloqueadas foram liberados parcialmente, mas a via principal, no km 99, continua totalmente bloqueada nos dois sentidos, confirma a concessionária Arteris Litoral Sul.

Também houve bloqueios parciais no km 57 Sul, em Araquari. Ainda na BR-101, no KM 107, o trânsito precisou ser paralisado pela manhã devido à fumaça tóxica vinda do incêndio de uma transportadora próxima da rodovia.

Ainda há pontos de bloqueio nas rodovias SC-401, SC-405 (ambas em Florianópolis), SC-281 (São Pedro de Alcântara) e SC-435 (São Bonifácio).

A chuva também interdita as principais rodovias que ligam Santa Catarina ao Paraná.

Na tarde desta terça-feira, a PRF-PR (Polícia Rodoviária Federal do Paraná) interditou um trecho da BR-376, em Guaratuba, no litoral do estado, onde há poucas semanas ocorreu um grande deslizamento de terra que deixou dois mortos e nove carros soterrados.

O bloqueio desta vez é preventivo, entre o km 635 da BR-376 (PR) e o km 1 da BR-101 (SC). "A previsão inicial é de que o trecho fique bloqueado por pelo menos 24 horas", diz a Arteris, concessionária que administra o trecho. A interdição foi feita às 14h30 desta terça.

Quando a chuva cessar, a expectativa é voltar a liberar apenas uma das pistas em cada sentido da rodovia, o que vem ocorrendo desde fim de novembro, causando grandes congestionamentos.

A BR-277, outra estrada que liga os dois estados, também está parcialmente bloqueada entre os km 39 e 42, com fila de 13 km no sentido Curitiba e 6 km no sentido Santa Catarina.

Previsão do tempo

O sul do país segue com alerta da Defesa Civil para chuvas fortes entre esta terça e quarta (21), concentradas nas regiões da Grande Florianópolis, baixo vale do Itajaí e litoral norte.

As chuvas dos últimos dias são causadas por uma baixa pressão marítima que favorece elevados índices de umidade, ocasionados pelo fenômeno La Niña, o mesmo que provocou chuvas intensas e deslizamentos de terra no fim de novembro e início de dezembro. No primeiro dia do mês, o estado contabilizava quase 900 pessoas desalojadas e ao menos duas mortes.

A previsão do Epagri/Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) é de que a partir desta quarta-feira (21) haja uma redução no volume de chuvas.

Erramos: o texto foi alterado

As duas vítimas de soterramento em Camboriú são primas, ​não irmãs como a prefeitura da cidade havia afirmado. O texto foi corrigido.

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