Licitação de cânion no Paraná fracassa pela segunda vez

Não houve interessados para administração de local no parque Estadual do Guartelá, em Tibagi

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Curitiba

Pela segunda vez, o governo do Paraná fracassou ao tentar conceder a administração do Parque Estadual do Guartelá, em Tibagi, para a iniciativa privada.

Eventuais interessados apresentariam suas propostas nesta terça-feira (28) ao IAT (Instituto Água e Terra), órgão estadual que conduz a licitação, mas ninguém apareceu.

O parque é conhecido por abrigar um dos maiores cânions do mundo em extensão, o do rio Iapó. Outras atrações do lugar são a Cachoeira da Ponte de Pedra e os "panelões de sumidouros" do Córrego Pedregulho, que turistas chamam de banheiras naturais.

Também tem trilhas e sítios pré-históricos. Entre Curitiba e o parque, que fica nos Campos Gerais, são cerca de 200 km.

vista aérea de vegetação e cânion de parque
Parque Estadual do Guartelá, em Tibaji, que abriga o cânion do rio Iapó, um dos maiores do mundo em extensão - Denis Ferreira Netto/SEDEST

A ideia da licitação era contratar uma empresa com capacidade para explorar os serviços de turismo sustentável por 30 anos. Ganharia quem fizesse a maior oferta de percentual de outorga ao estado.

Em 30 anos, o valor estimado de investimentos pela empresa seria de aproximadamente R$ 4,8 milhões. Entre as obrigações da vencedora estaria a de prestar serviços de transporte interno, alimentação, gestão do centro de visitantes e da loja de conveniência.

Em janeiro do ano passado, o governo estadual já tinha tentado transferir a administração do parque, sem sucesso.

Na mesma época, a União também mantinha um edital aberto no Paraná, o da concessão do Parque Nacional do Iguaçu.

Para o IAT, isso pode ter prejudicado a concessão do Guartelá. Segundo a entidade, existem poucos operadores no mercado brasileiro, e eles teriam priorizado a licitação das Cataratas do Rio Iguaçu.

Mas outros possíveis problemas foram levantados na época, como o tamanho pequeno da estrutura de serviços ao turista na região de Tibagi e a baixa quantidade de visitas ao Guartelá.

Nesta terça, os dois pontos foram novamente lembrados, depois de a licitação ser declarada deserta.

"A gente pode supor várias situações. O momento econômico, a falta de integração com serviços, a baixa visitação. É muito difícil identificar exatamente o que aconteceu, mas agora vamos fazer uma análise com calma para entender as razões e escolher os caminhos possíveis", disse Rafael Andreguetto, diretor de Patrimônio Natural do IAT.

vista aérea de cachoeira em vegetação
Parque abrange quedas d'água, corredeiras, vales e inscrições rupestres - Denis Ferreira Netto/SEDEST

De acordo com o instituto, a região do Guartelá recebeu cerca de 25 mil turistas em 2022. Trata-se de uma movimentação baixa na comparação com outro atrativo natural dos Campos Gerais, o Parque Estadual da Vila Velha, que já está sendo administrado por empresas desde 2020. Na Vila Velha, mais de 70 mil pessoas visitaram o parque no ano passado.

Vila Velha e Guartelá, contudo, possuem públicos de perfis diferentes, destacou Andreguetto. O segundo tem acesso e trilhas mais complexas, de maior dificuldade.

"Além disso, Vila Velha fica na cidade de Ponta Grossa, a segunda maior do Paraná, com aeroporto, e a 80 km de Curitiba, o que permite um passeio de ida e volta no mesmo dia, sem necessidade de pernoite. A viagem para Guartelá fica mais cansativa fazer num único dia, se a saída for a partir da capital", disse.

Antes de abrir a licitação pela segunda vez, o governo estadual informou ter melhorado a estrutura do parque do Guartelá.

Construiu um novo acesso à cachoeira da Ponte de Pedra, com deck e escada, e reservou um espaço para motorhomes, com energia elétrica e guarda 24 horas. O local tem cerca de 2.000 metros quadrados e capacidade para dez veículos ao mesmo tempo.

Também houve alteração nos editais. Na tentativa de atrair empresas, o valor mínimo de outorga caiu de 5% para 2% do faturamento bruto mensal da concessionária.

Também foi definida uma carência de 36 meses para pagamento da outorga, o que não existia na primeira licitação. Segundo o IAT, 32 empresas chegaram a baixar o edital de concorrência pública no site.

O Parque Estadual do Guartelá foi criado por decreto, em 1996, como área de proteção integral. A região abriga cachoeiras, fontes, nascentes e espécies de fauna e flora nativas, como lobo-guará, jaguatirica, veado, gavião-pombo e a capivara.

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