Brasil registrou 273 mortes violentas de pessoas LGBT+ em 2022

Levantamento foi divulgado por organizações, que lamentam a falta de dados oficiais no país

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O Brasil registrou ao menos 273 mortes violentas de pessoas LGBTQIAP+ em 2022. Desses casos, 228 foram assassinatos, 30 suicídios e 15 outras causas, como morte decorrente de lesões por agressão. A média é de um morto a cada 32 horas.

O levantamento foi realizado pelo Observatório de Mortes Violentes Contra LGBTI+, que ainda conta contou com a parceria de Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos).

Por ausência de dados oficiais, segundo as organizações, as principais fontes consultadas foram notícias publicadas na mídia.

Bandeira entendida durante a 27° Parada LGBTQIA+ de Copacabana, no Rio de Janeiro, em novembro de 2022 - Prefeitura do Rio de Janeiro/ Divulgação

Travestis e transexuais representam maior parte dos mortos (58%), seguidos por gays (35%), lésbicas (3%) e homens trans (3%). Ainda há pequena porcentagem de pessoas não binárias (0,4) e outras designações (0,4).

Em 2021, ocorreram 316 mortes violentas. Ou seja, em um ano, houve redução de 14% no total de mortos.

A coleta de dados foi iniciada em 2000, quando foram computados 130 óbitos. Em 2017, foi registrado o pico da série histórica, com 445 mortos.

Em 2022, segundo os pesquisadores, a idade das vítimas variou de 13 a 75 anos. Distribuindo os casos por decênios, perceberam que grande parte dos mortos são jovens adultos entre 20 e 29 anos (33,33%).

Dos 273 casos computados, foi identificada raça de 187 indivíduos, correspondendo a 68,5% do total: 94 eram brancas e 91 pretas ou pardas. Houve dois casos de pessoas indígenas.

Sobre o método empregado, 74 mortes foram causadas por arma de fogo e 48 foram por esfaqueamento.

Nordeste (118) e Sudeste (71) foram as regiões com mais ocorrências levantadas.

O relatório diz que os dados apresentados apontam que o ambiente político e social do país continua sendo favorável à homofobia.

"Isso acaba impactando como as pessoas LGBT+ são recebidas nos espaços, aumentando os riscos de violações de direitos humanos e violência contra esses corpos, suas identidades de gênero, orientações sexuais e suas expressões de gêneros."

Bruna Benevides, secretária de articulação política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, diz que, embora haja queda no número de óbitos derivados de violência entre 2021 e 2022, a quantidade do último ano ainda é 108% maior do que a registrada no início da série, em 2000.

"O dado mostra continuar ausente qualquer política pública que denuncie e ataque o problema da LGBTIfobia no Brasil", declara Benevides. "No momento, temos que, com um governo que já demonstrou ser defensor da população LGBTQIA+, cobrar ainda mais empenho para erradicar todas as formas de agressão a nós e mudar esta triste realidade de violência", continua.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.