Falsa médica presa em SP paga R$ 50 mil de fiança e vai responder em liberdade

Mulher utilizava registro de profissional com o mesmo nome; somadas, penas por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica chegam a cinco anos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A mulher presa sob acusação de se passar por médica em São Paulo, nesta terça-feira (30), pagou R$ 50 mil de fiança e vai responder em liberdade pelos crimes de exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. Somadas, as penas podem chegar a cinco anos de reclusão.

Marcela Gouveia chegou a passar uma noite encarcerada antes da audiência de custódia, que ocorreu na manhã desta quarta-feira (31), no Fórum Criminal da Barra Funda.

Ela é acusada de manter, há cerca de três anos e meio, uma clínica de estética na região de Perdizes, zona oeste da capital. A mulher, de 37 anos, tem o mesmo nome e sobrenome de uma médica verdadeira e utilizava o número de registro da profissional no CRM (Conselho Regional de Medicina) para falsificar receitas e pedidos de exames.

Segundo a polícia, a farsa foi descoberta quando uma paciente desconfiou da falsa médica e consultou o número de CRM em uma plataforma do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Ao identificar, por meio de fotografias, que o documento pertencia a outra pessoa, a mulher entrou em contato com a vítima para denunciar a fraude.

A médica verdadeira, então, teria agendado uma consulta e procurado a polícia para armar o flagrante. "Uma amiga dela foi até o consultório e, acompanhada de uma policial, fez a consulta. No momento em que a acusada carimbou a requisição de exames, a nossa policial observou que se tratava do CRM da vítima e deu voz de prisão", disse o delegado Felipe Nakamura, responsável pela ocorrência.

A falsa médica presa em flagrante nesta terça-feira (30) mantinha consultório e divulgava trabalho nas redes sociais, onde tinha milhares de seguidores - Marcela Gouveia no Facebook

Segundo o delegado, a mulher teria confessado o crime no momento da prisão e argumentado que era estudante de medicina —o que não se comprovou. Depois, orientada pela advogada, a acusada permaneceu em silêncio durante o depoimento.

De acordo com a polícia, a acusada é formada em farmácia e possui diplomas em cursos na área de estética.

O delegado Nakamura disse que não há registro de denúncias contra a clínica, mas acredita que outros pacientes podem procurar a polícia com a divulgação do caso.

A reportagem entrou em contato com a clínica por telefone e email, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. A advogada que representa a falsa médica também foi procurada mas não respondeu às tentativas de contato.

A falsa médica divulgava seu trabalho na internet, onde tinha milhares de seguidores —somente no Instagram, cerca de 87 mil pessoas a acompanhavam. Mesmo antes de abrir a clínica onde ocorreu o flagrante, ela já se apresentava como médica para atrair clientes, declarando possuir mestrado em medicina estética e certificações internacionais.

No Instagram, falsa médica dizia ter mestrado em medicina estética e certificados internacionais. Ela também divulgava tratamentos com Cannabis medicinal. - Marcela Gouveia no Instagram

"Nosso objetivo é deixar mais belo aquilo que você já tem de bonito, aumentar sua autoestima e se amando cada vez mais. Não transformamos, melhoramos", diz texto de apresentação no site da clínica.

Publicações nas redes sociais mostram que a acusada já participou de diversos eventos e conferências do ramo de estética, inclusive como palestrante. Na internet, a mulher também anunciava o atendimento a pacientes de Cannabis medicinal.

Procurado, o Cremesp disse que o exercício ilegal da medicina é caso de polícia, e que por isso não recebe denúncias desse tipo. A entidade disponibiliza em seu site uma ferramenta de busca para que pacientes possam checar se o profissional que o está atendendo é médico e está com registro regular.

Por meio de nota, o conselho disse que "quando identifica, por exemplo, durante fiscalização, que há profissionais se passando por médicos, ou quando percebe tentativas de registro com apresentação de documentos falsos, como diplomas, a autarquia aciona os órgãos competentes, como o Ministério Público".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.