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Passageiros enfrentam 4 horas de fila para resolver falha no Bilhete Único em SP

Ônibus, CPTM e metrô devem liberar embarque de quem teve cartão bloqueado, afirmam órgãos

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São Paulo

Após uma falha no sistema do Bilhete Único bloquear 40 mil cartões desde sexta-feira (30), usuários de transporte público de São Paulo têm enfrentado mais de quatro horas de fila e postos de atendimento lotados para recuperar os créditos.

Entre os bilhetes afetados estão os que utilizam as modalidades de crédito comum, estudante, vale transporte e idoso 60-64. A troca é gratuita para quem foi afetado pelo problema, de acordo com a SPTrans, e os créditos devem ser devolvidos em até 72 horas.

Pessoas fazem fila que dobra a calçada
Fila em posto de atendimento da SPTrans, na zona norte de São Paulo, nesta segunda (3) - Roberto Casimiro/Fotoarena/Folhapress

Para isso, usuários procuraram postos de atendimento da SPTrans, mas têm encontrado filas com mais de 200 pessoas. Segundo relatos de usuários nos terminais Bandeira (centro) e Santo Amaro (zona sul), o sistema da SPTrans ficou fora do ar entre as 11h30 e as 12h10, aumentando a angústia de quem precisava do atendimento.

Com a volta da operação, alguns usuários conseguiram o bilhete novo com os créditos restituídos imediatamente.

No terminal Jabaquara, na zona sul, Simone Gil, 40, esperava desde as 8h desta segunda (3) na fila para o atendimento antes de conseguir voltar para casa após o fim trabalho noturno, como cuidadora de idosos, no Tatuapé, zona leste da capital.

"No sábado de manhã funcionou, mas à tarde já não deu. No metrô, me disseram que era para resolver com a SPTrans, só na segunda", afirmou Simone. Ela trabalhou no fim de semana e precisou pagar as passagens para ir ao trabalho e voltar para casa, no Jardim Selma, na zona sul.

Atrás dela na fila, a auxiliar Érika Santos, 36, também aguardava havia quatro horas para reaver os créditos antes de começar a jornada. "Preciso do bilhete para levar minha filha na escola e depois trabalhar na região da Berrini."

Ela reclamou da falta de informações entre os motoristas durante o fim de semana. "Eles não sabiam e achavam que era mentira para não pagar passagem. No domingo, cheguei a pagar, mas a cobradora viu que chegou mais um passageiro com o mesmo problema e devolveu meu dinheiro."

Foi o que aconteceu com Débora Lopes, 47. Ela mora no Jabaquara e trabalha na região da Vila Nova Conceição.

"Consegui usar o cartão normalmente na ida para o trabalho, mas já bloqueou na volta. Só que mais pessoas haviam relatado o problema, e o cobrador deixou passar", disse a gerente de vendas, na fila desde as 9h30. "O problema foi no metrô, tive que pagar."

Jovanilson Pereira Gomes, 30, também mora no Jabaquara, mas não foi afetado pela falha no sistema. Estava na fila para pedir a segunda via do bilhete.

"Chegamos aqui e ficamos no mesmo ‘bolo’. Trabalho com pavimentação na rodovia Anhanguera, e estou aqui desde as 10h da manhã. A gente acaba sofrendo também."

Por volta das 13h, a fila andava lentamente, mas continuava a crescer. É possível consultar a situação do cartão no site da SPTrans.

Os passageiros também tinham receio

Na zona oeste, a fila para atendimento no terminal Lapa chegava até a rua Guaicurus, na frente do local, por volta das 14h30.

Depois de esperar por duas horas, o barbeiro Benedito Mendes, 41, conseguiu o bilhete novo com os créditos. Ele era uma das cem pessoas que esperavam atendimento na unidade.

Ele mora na região de Anhanguera, na zona norte, e trabalha em um salão na Vila dos Remédios, na zona oeste. "No sábado, o bilhete não passou e tive que pagar a passagem do bolso. Cheguei a vir aqui, mas fiquei das 19h até as 20h30, a fila não andou e eu fui embora. Consegui resolver hoje."

A diarista Débora da Silva, 30, já estava na segunda tentativa do dia. "Só soube hoje quando tentei passar o bilhete. O motorista me orientou a ir até o terminal Pirituba, mas estava impossível. Avisei minha patroa que precisava resolver hoje, porque não é todo motorista que compreende, podem achar que é mentira."

Débora mora no Morro Doce, no noroeste da capital, e precisaria pegar três ônibus para ir e outros três para voltar do trabalho. Sem o bilhete, teria que desembolsar R$ 26,40. "Eu trabalho por conta própria. Um dia que perco é um dia que não recebo."

Ela e outros usuários disseram ter receio na hora de tentar embarcar com os bilhetes cancelados.

CATRACAS DEVEM SER LIBERADAS

A SPTrans diz que orientou todas as concessionárias de ônibus a liberar a entrada, fazendo o desembarque pela porta da frente, caso os bilhetes apresentem mensagem de bloqueio.

A liberação vale, segundo a secretaria de Transportes Metropolitanos, para trens da CPTM e do metrô. "A liberação ocorrerá até a normalização total do Bilhete Único", disse a pasta, em nota.

O assistente administrativo David Alves, 36, aproveitou a hora do almoço para buscar atendimento, na sua estava havia uma hora esperando. Ele chegou a comprar uma recarga com o cartão de crédito, mas notou, ao tentar validar as passagens, que o bilhete estava bloqueado.

"Usei normalmente na sexta, hoje estava bloqueado. Já me orientaram que esse valor debitado vai ser recarregado no próximo bilhete."

O Tribunal de Contas do Município enviou um ofício à Prefeitura de São Paulo pedindo detalhes sobre a falha técnica que causou o bloqueio, e deve discutir o tema na sessão plenária da próxima quarta-feira (5).

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