Descrição de chapéu Folhajus

Escritório do advogado de ex-coronel que cita PMs em esquema de fraude é invadido em SP

Secretaria da Segurança diz que investiga caso; deputado petista quer CPI para investigar suposto caixa 2 na corporação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O escritório do advogado do ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, apontado como chefe de um dos maiores esquemas de corrupção da história da Polícia Militar de São Paulo, foi alvo de uma invasão criminosa na noite desta quinta-feira (14), em Sorocaba (a 87 km da capital). Ninguém se feriu.

A invasão ocorreu horas após a publicação pela Folha de uma entrevista exclusiva com Adriano Filho, na qual o ex-chefe de compras do comando da PM paulista cita a suposta participação de um grupo de 27 oficiais da corporação no esquema.

A reportagem trouxe 14 documentos entregues por ele, de um conjunto de 194 evidências que o ex-coronel diz ter e que, em tese, comprovam as afirmações feitas por ele. O advogado Oswaldo Duarte Filho diz ver ligação entre a invasão e a publicação da reportagem, até em razão do que aconteceu após o crime.

O ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho em uma sala na penitenciária de Tremembé. Ele é um homem branco de cabelos grisalhos e está de camiseta branca e calças laranjas, vestimenta dos detentos do presídio
O ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, condenado por fraudes em licitações no Comando-Geral da PM, durante entrevista à Folha na Penitenciária de Tremembé (SP) - Henrique Santana/Folhapress

Conforme contou à reportagem, Duarte Filho percebeu uma movimentação estranha no escritório usado por ele para videoconferências judiciais, em um prédio próximo à sede. Ao se aproximar do local, o advogado diz ter visto dois criminosos deixando a garagem em um veículo dele.

Ele afirma que tentou correr atrás do carro, mas não conseguiu alcançá-los. Dali, tentou acionar uma equipe da PM pelo 190, sem sucesso. Diz ter ficado mais de uma hora fazendo ligações, mas que não foi atendido. Só teve contato com uma viatura PM quando já estava no distrito policial, quando os soldados atendiam outra ocorrência. O advogado disse ter tentando acionar a Corregedoria da PM, também em vão.

Ele diz que o que mais chamou a atenção dele, além de não ter sido atendido pelo telefone de emergência 190, foi o fato de os criminosos terem levado objetos do escritório, incluindo um computador, mas deixarem para trás três telefones celulares que estavam à mostra.

A Polícia Civil registrou o caso como furto qualificado.

O defensor diz que tanto ele quanto a família temiam pela tentativa de destruição de provas por parte de pessoas que podem ser implicadas no caso. Em razão disso, cópias foram distribuídas para pessoas diferentes, incluindo fora do país.

"Tudo o que eu tenho em arquivo, que é muita coisa, já está em mãos de pessoas da minha estrita credibilidade. E fora do país", disse Adriano Filho.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública disse que o caso está sendo investigado pelo 3º DP de Sorocaba. "Diligências estão em andamento para identificar e prender os criminosos, bem como recuperar os objetos furtados", diz nota.

A Polícia Militar informou, por sua vez, que o serviço de "atendimento 190 funciona ininterruptamente em todo o estado, tendo atendido mais de 880 mil chamados somente em fevereiro". "A equipe técnica da unidade vai analisar o fato narrado pela reportagem e a Corregedoria da Instituição está à disposição para formalizar e apurar as denúncias citadas", finaliza a nota.

Deputado pede CPI da PM

Na tarde desta sexta-feira (15), o deputado estadual Paulo Fiorilo, líder da Federação PT/PCdoB/PV, protocolou requerimento para a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar eventual prática de peculato nas unidades gestoras da Polícia Militar de São Paulo.

"Penso que diante das reiteradas denúncias feitas pelo ex tenente-coronel, a Assembleia Legislativa não pode se furtar ao seu papel de investigar e apurar. A Polícia Militar é uma instituição secular, com um rígido código de conduta, e portanto, é fundamental que este Parlamento apure quaisquer fatos que abonem contra a instituição", diz Fiorilo, em nota.

Para criação da CPI são necessárias 32 assinaturas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.