Thiago Crisostomo Fares tinha cerca de oito anos quando arranhou os primeiros acordes no violão da família. O instrumento tinha sido comprado para as aulas de música da irmã mais velha, mas ela perdeu o interesse e ele se arriscou, aprendendo a tocar com as cifras que encontrava em revistinhas de música.
Nove anos mais tarde, num ensaio da banda de rock que tinha com os amigos do colégio, conheceu o amor da sua vida, Tabata Donário. Thiago tocava bateria, o que ele também havia aprendido sozinho. Começaram a namorar em seis meses, e se tornaram inseparáveis.
Os dois moravam em Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo. Passavam horas juntos em estúdios e nas casas de amigos, encontravam-se nos shows da banda —que tinha como integrantes dois irmãos gêmeos que Thiago conhecia desde seus quatro anos de idade e que eram seus melhores amigos.
Ele era o filho mais novo de uma professora de biologia e de um mecânico, que tinha uma oficina na cidade. Aos 16, Thiago já trabalhava como office boy numa loja de informática na rua Santa Ifigênia, no centro da capital.
Quando estava em seu segundo emprego num escritório de contabilidade, conseguiu uma vaga para a namorada. Também foram aprovados na mesma turma do curso de engenharia civil no Centro Universitário Padre Anchieta, em Jundiaí (SP).
Eles iam juntos de moto para a faculdade à noite, num percurso que durava cerca de 40 minutos. Começaram a estagiar na mesma empresa, a MRV Engenharia, em Jundiaí. Quando se formaram, foram contratados juntos como auxiliares de engenharia. Faziam a fiscalização do andamento de obras públicas como escolas, unidades de saúde, creches e quadras de esporte.
Poucos anos depois, os dois se mudaram juntos para Itu, também no interior paulista, por causa do trabalho. Em 2015, ele foi contratado como coordenador de convênios de obras públicas na Prefeitura de Franco da Rocha, vizinha à sua cidade natal. Ali, chegou a diretor de planejamento urbano.
Esse caminho o levaria a trabalhar novamente na cidade onde nasceu. Em 2018, foi chamado para trabalhar na Secretaria de Obras de Francisco Morato. Era conhecido pelos colegas como amigo leal e muito dedicado ao trabalho. Tanto que se tornou secretário aos 33 anos, no início de 2023, substituindo o antecessor que estava se aposentando.
Seu tempo livre girava em torno da família e dos amigos. Adorava visitar primos e tios, sentar à mesa e jogar conversa fora. O sonho de sua vida era ser pai, o que ele realizou no ano passado.
Thiago morreu no dia 9 de fevereiro, após um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico. Ele deixa os pais, a irmã, a esposa e o filho Joaquim, de dez meses.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.