Descrição de chapéu Chuvas no Sul

Guaíba pode receber volume de água equivalente ao de Itaipu em maio

Cerca de 14 trilhões de litros de água chegaram ao lago na primeira semana do mês; cálculo aponta que essa quantidade pode dobrar até dia 17

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Helena Schuster
São Paulo

As chuvas que vêm castigando o Rio Grande do Sul já levaram ao lago Guaíba, apenas nos primeiros sete dias do mês de maio, cerca de 14 trilhões de litros de água. A quantidade representa aproximadamente metade do volume total do reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu.

Com a previsão de chuva para os próximos dias, a quantidade de água que chega ao lago pode dobrar e atingir os 29 trilhões de litros até o dia 17 de maio. Ou seja, o volume total do reservatório de uma das maiores hidrelétricas do mundo. O cálculo é do IPH (Instituto de Pesquisas Hidrológicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Aeroporto de Porto Alegre alagado após as chuvas
Aeroporto de Porto Alegre alagado após as chuvas - Wesley Santos - 7.mai.24/Reuters

"O cálculo de ‘uma Itaipu’ foi feito com base no hidrograma entre o dia 1º de maio, quando começou a elevação do Guaíba, até o dia 17, final da previsão considerando as chuvas previstas para os próximos dias. Comparamos com Itaipu para ajudar a população a entender. Frequentemente se compara com campos de futebol e piscinas olímpicas, mas isso ainda é pouco para o que estamos vendo aqui", diz o professor e pesquisador do IPH, Fernando Meirelles.

A velocidade com que a água entrou no lago, que é utilizada para calcular o volume do Guaíba, também disparou em relação aos parâmetros comuns. Normalmente numa velocidade de 1,2 milhão de litros por segundo, o pico da vazão durante a cheia chegou a 30 milhões de litros por segundo no dia 5 de maio.

"A situação realmente é crítica e muito grave. Foi uma chuva muito fora do que a gente tava acostumado e as previsões infelizmente são de uma cheia duradoura", diz Meirelles.

O lago Guaíba, depois de atingir 5,35 metros no pico da cheia, se manteve na casa dos 4,7 metros nesta sexta-feira (10). Ainda em níveis elevados, os rios Jacuí, Sinos, Gravataí e Taquari, que desaguam no lago e causaram a inundação, também mantiveram a redução. O cenário, no entanto, pode mudar.

Em nota técnica conjunta, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e outros órgãos federais alertaram para a previsão de chuvas volumosas e ventos desfavoráveis para o escoamento da água. "Os acumulados previstos entre sexta-feira (10) e segunda poderão superar os 150 mm, o que, provavelmente, irá agravar a situação do estado", diz um trecho do texto.

As previsões do IPH indicam tendências parecidas e a possibilidade de retorno do Guaíba a níveis mais altos. "Os cenários reafirmam a cheia duradoura e a persistência da redução lenta do nível [do Guaíba]. Mas há possibilidade de repique por efeito das chuvas, podendo retornar a marca dos 5 metros nos próximos dias", diz o instituto.

Ambas as previsões também alertam para o risco de inundação no sul do RS por conta da elevação da lagoa dos Patos, por onde a água do Guaíba deve passar antes de chegar ao oceano. "A mudança na posição dos ventos desfavorece o escoamento. Desta forma, a preparação dos municípios para inundação gradual na região de Pelotas, Rio Grande e arredores, deve ser redobrada", alerta o Inmet.

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