Descrição de chapéu Obituário Martha Helena Magalhães Merlino (1950 - 2024)

Mortes: Superou dramas da ditadura e doença para vencer na vida

Martha Helena Magalhães Merlino sofreu um aneurisma ainda jovem e virou são-paulina para acompanhar sobrinho nos jogos

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São Paulo

Quando a mãe, Maria Helena, morreu, Martha ainda era adolescente e se sentiu responsável por cuidar mais dos seus irmãos, que eram mais novos do que ela. Mesmo depois que o pai, Geraldo, casou pela segunda vez, o irmão Luiz se recorda do cuidado especial com que a irmã o tratava. Os conselhos e as conversas em seu quarto.

Os anos seguintes foram difíceis no Brasil com o golpe militar, e os problemas se refletiam diretamente na família Merlino. Martha estudava história na USP (Universidade de São Paulo) e era muito próxima do primo, o jornalista Luiz Eduardo Merlino, militante da resistência à ditadura. Ela também participava do movimento estudantil naquele período.

Luiz Eduardo foi torturado e morto pelo governo em 1971. Não foi o único baque de Martha no período. Um aneurisma cerebral lhe provocou a paralisação do lado esquerdo do corpo. O problema de saúde interrompeu de outra forma seus sonhos. O casamento, que estava marcado, nunca aconteceu e ela precisou abandonar os estudos para cuidar da saúde.

A imagem mostra duas pessoas em um estádio de futebol lotado. A pessoa à esquerda está usando uma camisa listrada nas cores vermelho, preto e branco com o logotipo 'CICERO'. A pessoa à direita está usando uma camisa preta com um design colorido. Ambas estão usando óculos de sol e sorrindo para a câmera.
Martha Helena Magalhães Merlino (1950 - 2024) com o sobrinho Guilherme - Arquivo pessoal

Mesmo com sequelas físicas, Martha retomou os estudos anos depois e decidiu estudar psicologia. Formada, passou a trabalhar nas unidades de saúde da Secretaria Municipal de Saúde.

Uma de suas alegrias foi quando foi escolhida por Luiz para ser madrinha de seu filho Guilherme. Como dedicou sua atenção ao irmão um dia, passou a dedicar um carinho especial ao sobrinho.

De família da cidade de Santos e de torcedores do time do litoral paulista, Guilherme optou pelo São Paulo Futebol Clube, time que encantava os torcedores naquele início dos anos 1990, sob o comando do técnico Telê Santana.

A tia não hesitou em acompanhar o sobrinho em sua paixão futebolística. As vitórias e derrotas do time nos anos seguintes passaram a ser um assunto recorrente entre eles. "Ela se tornou torcedora para termos um assunto que nos unia", comenta Guilherme.

Uma de suas fotos preferidas ao lado da tia foi quando foram juntos ao estádio do Pacaembu ver o São Paulo na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2000. A partida terminou com a vitória do time do Morumbi contra o Juventus-SP, por 2 a 1.

Anos depois, uma queda fez com que o estado de saúde de Martha se agravasse novamente. Depois de passar um tempo em tratamento em casa, ela precisou ser levada para uma clínica. Internada, morreu no dia 22 de junho, horas antes de seu time perder por 4 a 1 para o Vasco, para completar a tristeza do afilhado naquele dia. Deixa os irmãos Eliana e Luiz e os sobrinhos Bruno, Guilherme, Gustavo, Mariana e Fabiana.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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