Não é culpa de Raheem Sterling, 23, a Inglaterra estar há 52 anos sem um título de expressão. Mas o meia-atacante do Manchester City (ING) representa a imagem da sua seleção em cinco décadas. A capacidade de atrair controvérsia no momento mais inapropriado, a incompetência para decidir jogos importantes e a frustração que consegue causar.
Da mesma forma, não é culpa de Eden Hazard, 27, que a geração belga, a mais promissora da história do país e elogiada pelos críticos desde 2014, não tenha conseguido resultados expressivos. Mas o desempenho inconsistente da equipe resume o que é o principal atleta do país em campo, apesar de todo o potencial.
Os dois têm a chance de mudar tudo isso a partir da estreia de suas equipes na Copa do Mundo da Rússia. Nesta terça, a Bélgica enfrenta o Panamá, em Sochi, às 12h (de Brasília). Três horas depois, a Inglaterra joga contra a Tunísia, em Volgorado.
“Não concordo [que Hazard seja inconsistente]. Ele vem jogando bem pelo Chelsea e creio que as pessoas não percebem o quando é regular nos jogos, apesar de sempre ser muito marcado. Eden é um dos líderes do time e o que conseguirmos na Copa do Mundo da Rússia será com ajuda dele”, disse o técnico da seleção Roberto Martínez, à Folha.
A todo momento cogitado para Real Madrid e Barcelona, Hazard não consegue, apesar do cartaz, ser sequer o jogador mais importante da sua seleção. O papel é do meia Kevin De Bruyne, do Manchester City (ING).
Mas o craque da geração belga que prometeu (e promete) tanto, sempre foi Hazard. Mesmo que nas horas importantes desapareça em campo com a camisa belga. Foi assim nas quartas de final da Copa do Mundo, quando a Argentina fez o primeiro gol e não foi pressionada pelo rival no resto do jogo.
O mesmo aconteceu em outras quartas de final: da Eurocopa de 2016. A Bélgica era favoritíssima contra País de Gales. Perdeu por 3 a 1.
Nesta segunda, enfrenta seleção que fará sua primeira partida em Copas do Mundo.
A Tunísia, rival da Inglaterra, não. Retorna ao torneio depois de 12 anos. Mas tal qual a estreante, será zebra contra adversário que sempre está na condição de possível surpresa, mas nunca embala. Depois do solitário título de 1966, a melhor campanha inglesa em mundiais foi em 1990. Terminou na quarta posição.
Se isso mudar em 2018, provavelmente será porque Sterling jogou bem. Um meia-atacante que se apresentou com atraso de 12 horas para o treino da seleção. Isso dias depois de mostrar uma nova tatuagem na panturrilha: a imagem de uma metralhadora. Causou furor por uma suposta apologia à violência. Ele explicou ser uma lembrança ao pai, que morreu baleado na Jamaica quando o jogador tinha dois anos.
A resposta que deu não convenceu.
Não é a primeira vez que ele flerta com a polêmica. Às vezes, até clama por ela. Como ao trocar o Liverpool pelo Manchester City em 2015 por 50 milhões de libras (R$ 250,5 milhões em valores atuais). Ele postou foto no Twitter ao lado do volante Fabian Delph, que também havia irritado a torcida do Aston Villa ao deixar o clube.
Os dois estavam prestes a entrar em um voo e a legenda que colocou era: “Snakes on a plane” (cobras no avião, em inglês), lembrando título de um filme de terror.
Ele teve de vir a público desmentir o boato de que aos 19 anos tinha três filhos com três mulheres diferentes. Esclareceu que era pai apenas de Melody, nascida em 2012 (quando ele tinha 17 anos). Hoje ele já tem outro filho, Thiago. Com outra parceira.
“Ele tem um catálogo de histórias a respeito de sua vida. Mas está aqui porque tem muita personalidade”, elogiou o técnico Gareth Southgate.
Por causa disso foi chamado e carrega a esperança do time inglês, o terceiro mais jovem da Copa do Mundo deste ano (26 anos de média). A mesma fé depositada em Eden Hazard na Bélgica.
Escalações
Bélgica x Panamá
Bélgica - Courtois; Vertonghen, Boyata, Alderweireld; Witsel, De Bruyne, Carrasco, Meunier, Mertens; Hazard, Lulaku
Técnico: Roberto Martínez
Panamá - Penedo; Torres, Escobar, Davis, Murillo; Gomez, Godoy, Cooper, Barcenas, Rodríguez; Blas PerezTécnico: Hernan Darío Gomez
Inglaterra x Tunísia
Inglaterra - Pickford; Walker, Stones, Maguire; Trippier, Henderson, Lingard, Dele Alli, Young; Sterling, Kane
Técnico: Gareth Southgate
Tunísia - Mathlouthi; Maaloul, Meriah, Ben Youssef S., Bronn; Skhiri, Khaoui, Ben Youssef F., Sliti, Badri; Khazri
Técnico: Nabil Maâloul
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