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China mostra que retorno do futebol após coronavírus não será simples

Liga do país quer retomar atividades em abril, mas acumula dificuldades na missão

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AFP

Com a preocupação persistente sobre o coronavírus afetando os clubes e os jogadores dispersos por todo o mundo, impossibilitados de retornar ou hesitando quanto a fazê-lo, a China está descobrindo que retomar o futebol não é assunto simples.

Os problemas encarados pela China, epicentro inicial da pandemia e um dos primeiros países a suspender o futebol, podem oferecer um vislumbre do futuro para outras ligas cujos campeonatos foram suspensos em todo o mundo.

A Chinese Super League (CSL) prenunciou o colapso do esporte quando seus dirigentes anunciaram, em janeiro, que a data prevista de início da temporada, 22 de fevereiro, havia sido adiada indefinidamente.

Na semana passada surgiram informações de que, porque o pico do coronavírus aparentemente foi superado no país –onde o vírus surgiu em dezembro–, a CSL poderia começar sua temporada em 18 de abril. Outra data mencionada foi 2 de maio.

Mas depois veio o primeiro caso confirmado de coronavírus no futebol chinês, do jogador brasileiro Dorielton, da segunda divisão, como parte de uma onda de casos importados que colocou a China em alerta para uma segunda emergência do vírus.

No domingo (22), Marouane Fellaini, meio-campista belga que no passado defendeu o Manchester United e agora está no Shandong Luneng, anunciou que era portador do coronavírus, se tornando o primeiro caso confirmado na CSL.

Agora pode ser que o início da temporada só ocorra no final de maio ou no começo de junho. As restrições severas anunciadas pelo governo da China na quinta (26), isolando parcialmente o país, com redução nos voos internacionais e proibição à entrada de estrangeiros, colocam até mesmo essas datas em dúvida.

Indicações de que o basquete, outro esporte importante na China, poderia reiniciar seus jogos no começo de abril também perderam força, o que representa um revés para os esforços do governo de retratar o país voltando ao normal.

Marouane Fellaini, do Shandong Luneng, contraiu a Covid-19
Marouane Fellaini, do Shandong Luneng, contraiu a Covid-19 - 9.abr.19/AFP

Tanto Fellaini –um dos maiores nomes no futebol chinês atualmente– quanto o atacante brasileiro Dorielton foram testados depois de voltarem do exterior, e os exames apontam que eles são portadores do coronavírus.

As ligas internacionais que suspenderam seus torneios por conta da pandemia vão observar como se sai a CSL em seus esforços de retomar o esporte, mas a ameaça persistente de contágio não é a única barreira.

Os clubes chineses estão treinando para o novo campeonato, mas numerosos jogadores e membros de comissões técnicas estrangeiros continuam em seus países.

Na noite de quinta, a China reduziu o número de voos internacionais e disse que mesmo os estrangeiros portadores de vistos válidos e licenças de residência serão impedidos de ingressar no país a partir deste sábado (28).

Alguns dos jogadores mais caros da CSL, entre os quais os brasileiros Oscar, Hulk e Paulinho, enfrentam uma corrida contra o tempo.

Com as viagens severamente perturbadas em todo o mundo, os clubes mais ricos podem fretar aviões para apanhar seus astros estrangeiros. Mas parece inevitável que alguns deles não consigam chegar ao país antes do fim do prazo.

Os que retornarem precisarão ficar em isolamento por uma semana caso estejam infectados, o que pode causar mais atraso. Depois, eles precisariam de tempo para se condicionar para os rigores de uma temporada condensada em menos meses.

O atacante congolês Cedric Bakambu revelou alguns dos dilemas que os jogadores encaram para balancear as obrigações pessoais e profissionais em um momento preocupante.

Bakambu, 28, foi instruído a retornar ao Beijing Guoan, vice-campeão da CSL, o que significaria deixar sua mulher, que está no final da gestação, na França.

Bakambu disse que ainda que a China agora seja considerada como mais segura que a Europa, os jogadores estrangeiros no país enfrentam a perspectiva de não ver suas famílias por diversos meses, caso retornem –ele corre o risco de perder o parto de seu segundo filho.

“Saber que preciso partir sem saber quando posso voltar para ver meu filho e minha mulher, que deve dar à luz em um mês... isso é a coisa mais difícil de aceitar”, ele disse ao jornal L’Équipe.

Tradução de Paulo Migliacci

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