Notável por extrair bom desempenho de jogadores descartados por outras equipes, o Grêmio se vê em situação diferente nas quartas de final da Copa Libertadores. Seu adversário é o Santos, cujo grande nome é um atleta que passou pelo clube gaúcho sem deixar saudade.
Ninguém causa tanta preocupação no técnico Renato Gaúcho no confronto quanto Marinho, que vive temporada de ótimo nível. O atacante tentará manter a produção efetiva no duelo, que terá início às 19h15 desta quarta-feira (9), em Porto Alegre, com transmissão do Fox Sports.
Em 31 partidas realizadas em 2020, o atacante de 30 anos marcou 20 gols. A média é superior à apresentada naquele que havia sido o seu melhor ano, 2016, com a camisa do Vitória. Na ocasião, o jogador balançou a rede 21 vezes em 43 participações.
Mas as atuações de Marinho não se resumem a esses números. Ele não é exatamente um artilheiro e, partindo da ponta direita, vem sendo um dos principais articuladores das jogadas alvinegras, o que tem gerado recorrentes pedidos para que seja lembrado pelo treinador Tite na seleção brasileira.
“Eu já jogo em uma seleção, que é o Santos, de Pelé, de Neymar. Fico muito feliz por poder desempenhar um grande trabalho. Futebol é trabalho, e eu vou continuar trabalhando”, afirmou o alagoano.
Famoso pelas entrevistas irreverentes desde o tempo em que defendia o Ceará, ele vem tentando se desvencilhar da caricatura desenhada em torno de sua figura. A ideia é passar uma imagem de seriedade, objetivo que vem alcançando aos microfones e, sobretudo, em campo.
“Não deixei de ser um cara engraçado, não virei outra pessoa, mas queria que as pessoas olhassem para mim de uma maneira diferente, com respeito. Queria que vissem um Marinho que almeja a seleção e é olhado pelo treinador porque é dedicado, porque é um bom jogador”, explicou.
Esse bom jogador não conseguiu aparecer na época em que defendia o Grêmio. O atacante passou pela equipe tricolor entre 2018 e 2019. Marcou cinco gols em 28 jogos, fracassou na tentativa de se firmar e acabou sendo liberado para que a diretoria recuperasse ao menos parte do investimento.
Comprado por R$ 10 milhões, o atleta foi vendido ao Santos por pouco mais de R$ 4 milhões. Acabou sendo uma pechincha para a agremiação da Vila Belmiro, que fez com o Grêmio exatamente o que o Grêmio se habituou a fazer com os rivais.
Não foram poucos os casos de jogadores que foram descartados por outros times e acabaram se encontrando no Rio Grande do Sul. A equipe tricolor ganhou a Copa Libertadores de 2017, por exemplo, com participações importantes de Leonardo Moura e Cícero, que àquela altura já pareciam ter perdido espaço nos clubes de maior expressão.
Também fez parte da campanha vencedora Maicon, que havia saído do São Paulo sob duras críticas de boa parte da torcida. No Sul, o meio-campista se tornou um membro importante do grupo e, aos 35 anos, continua sendo considerado por Renato Gaúcho uma peça valiosa do elenco.
O Grêmio que enfrentará o Santos tem ainda nomes como Diogo Barbosa e Diego Souza, mais dois representantes de uma extensa lista. São jogadores que, a exemplo de Marinho, subiram de produção em um ambiente propício. No caso do atual camisa 11 santista, porém, isso se deu longe de Porto Alegre.
Foi apostando nele que Cuca armou seu time para começar o mata-mata na Arena do Grêmio. O treinador não poderá, no entanto, contar com o zagueiro Lucas Veríssimo, que viu frustrada sua venda ao Benfica, vetada pelo Conselho Fiscal alvinegro, e pediu para não jogar.
Seu substituto habitual, Luiz Felipe, está suspenso. A vaga deverá, portanto, ser ocupada pelo reserva Laércio.
No Grêmio, Renato Gaúcho fez questão de adotar o mistério em relação ao zagueiro Kannemann e ao meia Jean Pyerre, que convivem com problemas físicos. Ele ordenou ao departamento médico que não passe informações sobre o assunto “para não dar arma ao inimigo”.
A formação gaúcha vive ótimo momento na temporada e não perde há 16 jogos. Sua última derrota foi justamente para o Santos, no dia 11 de outubro, um 2 a 1 na Vila Belmiro válido pelo Campeonato Brasileiro.
“Eles nos venceram no último encontro com lances bem interessantes, mas passou. Vamos começar uma partida de 180 minutos. O Santos tem nosso respeito, e sei que o Santos respeita o Grêmio”, disse Renato.
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