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Quem é o melhor no tênis masculino? Depende de como você calcula

Um número amplamente aceito como a medida definitiva é o de vitórias em Grand Slams

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Victor Mather
The New York Times

Quando Roger Federer anunciou sua aposentadoria esta semana, recebeu uma chuva de louvações digna de um dos maiores tenistas masculinos de todos os tempos.

Mas ele foi apenas um dos maiores? Ou o maior de todos?

Não é difícil declarar um jogador favorito como o melhor de todos os tempos e depois buscar estatísticas para justificar o argumento. Vamos começar pelo outro lado e olhar primeiro os números para ver onde eles levam.

Roger Federer durante o ATP de Miami, em 2019
Roger Federer durante o ATP de Miami, em 2020 - Al bello - 12.mar.20/AFP

Se um único número foi amplamente aceito como a medida definitiva de um grande jogo, é o número de vitórias em torneios de Grand Slam. E certamente há muita lógica nisso.

Um título de Grand Slam é o objetivo final da maioria dos jogadores: o Aberto da Austrália, o Aberto da França, Wimbledon e o Aberto dos EUA atraem mais atenção e os maiores públicos e regam seus vencedores com prêmios em dinheiro e visibilidade. No tênis masculino, eles também são conhecidos por um formato melhor de cinco sets, uma prova mais demorada do que as de eventos de torneios regulares.

Os Três Grandes (Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic) dominam o resto da história do tênis masculino, como fazem em tantas categorias.

Tanto Nadal quanto Djokovic ainda estão jogando e podem aumentar seus totais; os dois ganharam três dos quatro títulos em simples do Grand Slam este ano.

Reduzir as performances no Grand Slam a um binário –ele ganhou ou não?– é simplificar demais. Vencer partidas e avançar em um torneio também são importantes, apesar do que Vince Lombardi diga.

O sistema de pontuação pode ser discutível, mas e se déssemos seis pontos por uma vitória no Grand Slam, três por um vice-campeonato e um por uma semifinal?

É no mínimo apertado. E um sistema de pontuação ligeiramente diferente poderia mudar a ordem com facilidade.

Por exemplo, muitos fãs consideram as Olimpíadas, nas quais o tênis é disputado a cada quatro anos, como um Slam ou um torneio próximo a um Slam em importância. Cada um dos jogadores ganhou uma medalha olímpica em simples. Adicione 6 para o ouro de Nadal, 3 para a prata de Federer e 1 para o bronze de Djokovic e você terá uma disputa ridiculamente acirrada: 171-171-170, com Nadal perdendo por apenas um ponto.

Todos os três também perderam a medalha de bronze em uma Olimpíada, e Djokovic fez isso duas vezes. É o equivalente a uma semifinal, o que colocaria Djokovic um ponto à frente.

Contar apenas vitórias em Grand Slams, finais e semifinais não contabiliza os desempenhos nas primeiras rodadas, nem leva em conta que Federer começou mais cedo do que os outros dois jogadores e teve mais oportunidades em Grand Slams. Um simples recorde de vitórias e derrotas em eventos de Grand Slam é responsável por ambos os fatores.

A longevidade de Federer joga contra ele aqui; algumas derrotas no início e no final da carreira reduzem sua porcentagem de vitórias. O mesmo pode acontecer no crepúsculo das carreiras de Nadal e Djokovic, se eles continuarem em cena.

Vencer em superfícies variadas é importante para o legado de um jogador. É por isso que a única vitória de Federer no Grand Slam no saibro, no Aberto da França de 2009, foi tão importante para os fãs de tênis.

Então, e se, em vez de somar os títulos do Grand Slam, nós os multiplicássemos? Isso daria mais pontos aos jogadores que ganharam uma variedade de Grand Slams e penalizaria os especialistas. Também daria uma pontuação de 0 para quem não ganhasse todos os quatro, mas felizmente cada um dos Três Grandes ganhou.

A versatilidade comparativa de Djokovic lhe dá vantagem aqui. Federer é prejudicado por vencer apenas uma vez em Paris, enquanto as incríveis 14 vitórias de Nadal no Aberto da França têm retornos decrescentes por esse método.

O tênis não é apenas o Grand Slam, e a totalidade das carreiras masculinas provavelmente também deve ser analisada.

Por porcentagem de vitórias, é Nadal, Djokovic, Federer. Por vitórias totais, é Federer, Nadal, Djokovic.

E mais isto a considerar: Djokovic passou 373 semanas em primeiro lugar e terminou sete anos diferentes lá. Federer esteve no topo por 310 semanas e cinco vezes no final do ano, e Nadal 209 e cinco.

Federer ganhou 103 títulos de simples, Nadal ganhou 92, e Djokovic, 88. (É o primeiro critério no qual outro jogador vence o triunvirato: Jimmy Connors, jogando em uma época muito diferente, ganhou 109 títulos, algo para quem quer defender uma tese muito contrária sobre o melhor de todos os tempos.)

Embora alguns jogadores e torcedores descartem a Copa Davis, outros a veem como uma parte crítica do calendário do tênis. Nadal tem um impressionante recorde de 29-1 em jogos da Copa, com uma porcentagem de 0,967. Djokovic tem 38-7 (0,844) e Federer, 40-8 (0,833).

Talvez estatísticas espalhafatosas, como vitórias e Grand Slams, sejam muito orientadas para os resultados. O ATP Tour compila muitos outros para examinar os jogadores em um nível bem detalhado.

Mas há pouca clareza aqui também. Quem tem o melhor saque? Federer ganhou 77% de seus pontos no primeiro saque, Djokovic 74% e Nadal 72%.

Talvez seja hora de jogar fora todas as partidas contra Tomas Berdych e Diego Schwartzman. Como os Três Grandes se saíram quando se enfrentaram?

Aqui, Djokovic recebe o aceno, ainda que levemente. Ele tem uma vantagem de 30-29 sobre Nadal e 27-23 sobre Federer. Nadal supera Federer, 24-16.

Há provavelmente um milhão de maneiras de descobrir isso. E todas as vezes alguém não vai gostar do modo como você avaliou.

Em nosso pequeno experimento, Nadal liderou em cinco categorias, Djokovic em quatro e Federer em três. Mas a maioria das categorias eram extremamente próximas. E se tivéssemos escolhido algumas diferentes teria havido um resultado diferente. A menos que você decida teimosamente que apenas uma estatística importa, não parece haver uma maneira de separar claramente as três.

Talvez você tenha um favorito. Nesse caso, lhe demos alguma munição para argumentar enquanto espera pela próxima partida na Rod Laver Arena ou no Arthur Ashe Stadium.

Mas não importa quem você escolha, está claro que a aposentadoria de Federer é o começo do fim de uma Era de Ouro do tênis masculino. Talvez o jovem Carlos Alcaraz supere alguns desses números em 20 anos ou mais. Ou talvez nunca tenhamos novamente Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, todos ao mesmo tempo.

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