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Sexo antes de competições esportivas não reduz desempenho

Atletas profissionais costumam ser aconselhados a manter um período de abstinência sexual antes de competições; estudos, no entanto, mostram que premissa é falha

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Julia Vergin
DW

Nada de sexo antes de uma competição esportiva! Há muito tempo, esta é a máxima no esporte profissional. O entendimento é de que a energia e a agressividade acumuladas através da abstinência sexual serão liberadas durante a competição, elevando as chances de vitória.

Mas, na verdade, proibir atletas de fazerem sexo antes de competições não faz sentido. O sexo, afinal, tem efeitos extremamente positivos para o corpo e mente, além de poder melhorar o desempenho esportivo.

O que acontece no corpo durante o sexo?

O sexo estimula o sistema cardiovascular, ativa a circulação sanguínea, alivia o estresse e a dor e ajuda a adormecer. Todos esses processos físicos e psicológicos envolvem uma variedade de hormônios.

A imagem mostra uma corrida de atletismo com seis corredores em uma pista azul. Cada corredor está em sua respectiva raia, e todos estão em movimento. A pista tem linhas brancas que delimitam as raias. No canto superior direito, há uma área de grama verde
Atletas participam de evento teste no Stade de France, na França, como preparação para as Olimpíadas de Paris - Yves Herman - 25.jun.24/Reuters

Na década de 1960, um casal de pesquisadores americanos –William Masters e Virginia Johnson– desenvolveu um modelo de resposta sexual em quatro estágios que ainda é usado nas pesquisas atuais:

  • Excitação
  • Platô
  • Prgasmo
  • Resolução

Cada uma dessas fases é caracterizada pela predominância de determinados hormônios. Na fase de excitação, por exemplo, a adrenalina faz com que a pressão arterial suba, explica Michael Siebers, médico assistente de psiquiatria e psicoterapia e assistente de pesquisa no Instituto de Psiquiatria Forense e Pesquisa Sexual em Essen. A dopamina garante antecipação e euforia, enquanto a testosterona e o estrogênio são responsáveis pelo desejo sexual.

Na chamada fase de platô, a oxitocina entra em ação, enquanto os níveis de adrenalina e dopamina permanecem quase inalterados, diz Siebers. "A oxitocina é o hormônio do carinho. Ela promove sensação de proximidade e vínculo." É durante a fase do orgasmo que o nível de oxitocina atinge o seu pico.

Por fim, após o orgasmo, a prolactina entra em cena. "Trata-se, entre outras coisas, do hormônio do relaxamento e da saciedade, que nos sinaliza que não queremos mais sexo", afirma Siebers. Eventualmente, a prolactina poderia se tornar um problema nos esportes.

Sexo antes do esporte é ruim?

"O nível de prolactina permanece elevado até uma hora após o sexo", diz Siebers. O efeito calmante do hormônio poderia ser um obstáculo nas competições esportivas, segundo o especialista. Portanto, um orgasmo logo antes do apito ou da largada pode não ser a melhor ideia.

Fora isso, não há razão para acreditar que o sexo na véspera da competição seja problemático, aponta Siebers. Ainda assim, alguns estudos sobre a influência do sexo no desempenho atlético chegaram à conclusão de que o sexo enfraquece os músculos das pernas, deixando, consequentemente, os atletas mais lentos.

No entanto, a mais recente meta-análise sobre sexo e esporte, de 2022, na qual foram avaliados os resultados de vários estudos indica que o sexo não tem efeitos negativos no desempenho dos atletas. Pelo contrário, Siebers acredita que o sexo pode até ajudar a melhorar a performance.

Desempenho esportivo melhora após o sexo?

"O sexo é uma atividade física e pode, portanto, aumentar naturalmente a aptidão física", afirma Siebers. E os efeitos na psique também são imensos, acrescenta. E é aqui que esporte e sexo podem ter algo crucial em comum: a sensação de euforia.

E é exatamente esse o tema das pesquisas de Michael Siebers, mais precisamente a sensação de euforia sentida por corredores. "A euforia do corredor é uma sensação observada durante os esportes de resistência que vem acompanhada de euforia, menos medo, menos dor e sensação de calma. Os pensamentos, portanto, param de girar", diz Siebers.

"Os gatilhos para esta sensação de euforia são provavelmente os chamados endocanabinoides", diz Siebers. Trata-se de substâncias semelhantes à cannabis que o próprio corpo produz. Elas fazem parte do sistema endocanabinoide do corpo, que, por sua vez, faz parte do sistema nervoso. Elas desempenham um papel nos processos de aprendizagem e movimento, entre outras coisas.

Siebers suspeita que este sistema endocanabinoide seja ativado não apenas durante a corrida, mas também durante o sexo, mas mais estudos ainda são necessários.

"Endocanabinoides, oxitocina e prolactina têm um efeito calmante e redutor do estresse. Isso, por sua vez, é bom para a saúde", diz Siebers. A qualidade do sono também aumenta significativamente, acrescenta o especialista. E dormir bem é particularmente importante para os atletas. Além disso, a dor e o medo diminuem, a euforia aumenta.

De acordo com as pesquisas atuais, portanto, há pouco o que se dizer contra o sexo – até mesmo antes de competições esportivas.

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