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10/12/2003 - 12h05

Intervenção de Lula no Oriente Médio foi apropriada, dizem analistas

ADRIANA STOCK
da BBC, em Londres

A intervenção em questões políticas no Oriente Médio feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua visita à região foi apropriada, mas o Brasil está longe de representar um papel importante no processo de paz entre israelenses e palestinos.

Essa é a avaliação de analistas consultados pela BBC Brasil sobre a viagem de Lula a Síria, Líbano, Emirados Árabes, Egito e Líbia, último país a ser visitado nesta quarta-feira.

Apesar de ter declarado que o objetivo da viagem era estritamente comercial, Lula acabou fazendo comentários sobre o processo de paz entre israelenses e palestinos, defendendo um Estado palestino soberano que conviva lado a lado com Israel.

"É apropriado a qualquer país, inclusive ao Brasil, falar sobre questões políticas do Oriente Médio. O presidente foi muito bem assessorado ao fazer essa declaração", disse Walid Kazziha, professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Americana no Cairo.

Michael Young, pesquisador do Centro Libanês para Estudos Políticos, em Beirute, acredita que Lula "adicionou uma voz confiável ao coro para que Israel libere os territórios ocupados".

Papel secundário


O país não representa, no entanto, um papel importante para o Oriente Médio.

"O Brasil pode ter um papel secundário, como a Noruega teve há dez anos no Acordo de Paz de Oslo. Existem os países principais e outros que provêem a plataforma. Um exemplo de iniciativa é se oferecer como palco de negociações, inclusive pagando as despesas", afirmou Young.

Para Kassiha, a posição do governo brasileiro deveria servir de exemplo a outros países para que se envolvam no processo de paz da região.

A viagem de Lula teria sido importante no sentido de mostrar que o país está interessado em se envolver em questões políticas internacionais.

Na avaliação de Kazziha, os líderes árabes levaram em consideração as declarações feitas pelo presidente brasileiro.

"Na prática, nós identificamos determinados países extremamente importantes que têm impacto na região. Mas há alguns países que têm potencial para ter um papel mas não o fazem porque ficam relutantes. Quando países como o Brasil vêm aqui discutir isso e expressam sua opinião corajosamente isso tem impacto", afirmou.

ONU

Anthony Motley, ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, não viu grande importância nas declarações de Lula sobre o conflito no Oriente Médio.

"Eu não acho que ele pretendeu ter um impacto no processo de paz, foi apenas um primeiro passo para reconhecer e validar as relações na área. O que Lula falou não foi nada de muito importante, que tenha tido grandes consequências. Foi apenas um comentário. Outros países têm a mesma opinião que ele expressou, assim como há países que não concordam."

Porém, com a sinalização do governo brasileiro de querer uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), Motley acredita que Lula está seguindo o caminho certo ao tentar se envolver com questões políticas internacionais.

"Se o país quer ter um papel na ONU, ele tem que entrar nesses assuntos globais e regionais", disse Motley.

"O Brasil está assumindo um papel de maior presença e importância regional e global que tinha no passado. Por isso acaba entrando nesses debates. O mundo está ficando mais importante para o Brasil a cada dia em termos econômicos e políticos, então o país tem que entrar nesse campo."

Futuro

A questão levantada pelos analistas é saber se o governo brasileiro continuará tentando construir uma ponte entre o país e o mundo árabe.

"O Brasil foi apresentado a essa parte do mundo. Minha dúvida agora é se isso vai seguir. Muito depende do que vai acontecer daqui para frente se tal apoio será mantido no futuro e se atos como esse serão repetidos", destacou Kazziha.
 

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