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14/10/2005
-
11h58
da BBC Brasil, em Nova York
O governo Bush enfrenta uma insurreição conservadora, de falcões fiscais indignados com a folia de gastos a setores da direita religiosa revoltados com a escolha de Harriet Miers para uma vaga na Corte Suprema.
Existe uma ebulição dentro do movimento conservador, com um questionamento acalorado sobre os rumos da política externa.
O debate pega fogo dentro do establishment intelectual.
O reflexo está na fundação de uma nova revista trimestral.
The American Interest nasceu de um racha na publicação The National Interest.
Os rebeldes têm à frente o lendário Francis Fukuyama, autor do livro O Fim da História, cujo argumento central é que com o fim do comunismo acabara o debate ideológico.
Pelo visto, o debate é infindável.
Iraque
No seu manifesto, The American Interest se define como independente e não partidária.
De fato, nas suas hostes estão poderosos intelectuais, alguns filiados aos dois grandes partidos americanos, e outros, não.
O viés, porém, é conservador. Lá estão, além de Fukuyama, o ex-assessor de segurança nacional do governo democrata de Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, e outro lendário acadêmico, Samuel Huntington, autor do polêmico O Choque das Civilizações.
A publicação tem pretensões de influência global, e entre seus contribuintes regulares estarão o historiador britânico Niall Ferguson, a celebridade intelectual francesa Bernard-Henry Lévy e o escritor peruano Mario Vargas Llosa.
No primeiro número em circulação, o debate sobre o Iraque dá uma medida da gama de opiniões dentro do movimento conservador.
Elliot Cohen assinala que a "a decisão básica de derrubar o regime de Saddam Hussein foi não apenas correta, mas corajosa".
Glenn Loury, no entanto, conclui que "nada na lógica da posição americana no mundo, nada inerente na sua cultura política e nada no interesse vital dos EUA necessitava esta desventura".
Cisma
O cisma na igreja intelectual conservadora é sugerido, mas não debatido abertamente nesta primeira edição de The American Interest e na corrente de The National Interest.
A veterana publicação estava historicamente associada a visões mais idealistas (wilsonianas, como se diz no jargão), favoráveis ao uso da política externa americana para promover a democracia globalmente.
Nos últimos anos, porém, The National Interest se apegou a uma visão mais realista da política externa (realpolitik, no jargão), algo mais na linha de Henry Kissinger, segundo o qual áridos interesses estratégicos contam mais do que nobres ideais.
Fukuyama não gostou desta camisa-de-força teórica e liderou o racha em nome de um debate intelectual mais solto.
É verdade que ele mesmo se insurgiu em um ensaio publicado no ano passado em The National Interest contra o que definiu como a celebração contínua dos seus colegas neoconservadores da invasão no Iraque como um sucesso.
Muita água rolou desde então e hoje em dia até muitos neoconservadores deixaram de celebrar.
Um dos mais célebres neoconservadores, William Kristol, editor da revista Weekly Standard, saudou com humor a rebelião liderada por Fukuyama.
Kristol disse que em breve teremos mais publicações neoconservadoras do que neoconservadores.
Nova revista nos EUA reflete racha entre conservadores
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
O governo Bush enfrenta uma insurreição conservadora, de falcões fiscais indignados com a folia de gastos a setores da direita religiosa revoltados com a escolha de Harriet Miers para uma vaga na Corte Suprema.
Existe uma ebulição dentro do movimento conservador, com um questionamento acalorado sobre os rumos da política externa.
O debate pega fogo dentro do establishment intelectual.
O reflexo está na fundação de uma nova revista trimestral.
The American Interest nasceu de um racha na publicação The National Interest.
Os rebeldes têm à frente o lendário Francis Fukuyama, autor do livro O Fim da História, cujo argumento central é que com o fim do comunismo acabara o debate ideológico.
Pelo visto, o debate é infindável.
Iraque
No seu manifesto, The American Interest se define como independente e não partidária.
De fato, nas suas hostes estão poderosos intelectuais, alguns filiados aos dois grandes partidos americanos, e outros, não.
O viés, porém, é conservador. Lá estão, além de Fukuyama, o ex-assessor de segurança nacional do governo democrata de Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, e outro lendário acadêmico, Samuel Huntington, autor do polêmico O Choque das Civilizações.
A publicação tem pretensões de influência global, e entre seus contribuintes regulares estarão o historiador britânico Niall Ferguson, a celebridade intelectual francesa Bernard-Henry Lévy e o escritor peruano Mario Vargas Llosa.
No primeiro número em circulação, o debate sobre o Iraque dá uma medida da gama de opiniões dentro do movimento conservador.
Elliot Cohen assinala que a "a decisão básica de derrubar o regime de Saddam Hussein foi não apenas correta, mas corajosa".
Glenn Loury, no entanto, conclui que "nada na lógica da posição americana no mundo, nada inerente na sua cultura política e nada no interesse vital dos EUA necessitava esta desventura".
Cisma
O cisma na igreja intelectual conservadora é sugerido, mas não debatido abertamente nesta primeira edição de The American Interest e na corrente de The National Interest.
A veterana publicação estava historicamente associada a visões mais idealistas (wilsonianas, como se diz no jargão), favoráveis ao uso da política externa americana para promover a democracia globalmente.
Nos últimos anos, porém, The National Interest se apegou a uma visão mais realista da política externa (realpolitik, no jargão), algo mais na linha de Henry Kissinger, segundo o qual áridos interesses estratégicos contam mais do que nobres ideais.
Fukuyama não gostou desta camisa-de-força teórica e liderou o racha em nome de um debate intelectual mais solto.
É verdade que ele mesmo se insurgiu em um ensaio publicado no ano passado em The National Interest contra o que definiu como a celebração contínua dos seus colegas neoconservadores da invasão no Iraque como um sucesso.
Muita água rolou desde então e hoje em dia até muitos neoconservadores deixaram de celebrar.
Um dos mais célebres neoconservadores, William Kristol, editor da revista Weekly Standard, saudou com humor a rebelião liderada por Fukuyama.
Kristol disse que em breve teremos mais publicações neoconservadoras do que neoconservadores.
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