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01/12/2005
-
08h51
da BBC Brasil, em Puerto Iguazú
A duas semanas das eleições presidenciais na Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou transparecer sua preferência pelo candidato e líder cocaleiro Evo Morales, do partido esquerdista MAS.
No discurso do encerramento do encontro com o presidente argentino, Néstor Kirchner, em Puerto Iguazú, Lula disse que a região está vivendo um momento inédito, no qual presidentes progressistas estão sendo eleitos.
“É só olhar o retrato da América do Sul nos últimos três anos e perceber que em nenhum momento da história da região a gente teve tanta possibilidade de uma América do Sul voltada para a sua gente”, disse Lula nesta quarta-feira.
“Olha o que significou a eleição do (Hugo) Chávez na Venezuela. Imagine o que significa se o Evo Morales ganhar as eleições na Bolívia. São mudanças tão extraordinárias que nem mesmo os melhores cientistas políticos dos nossos países poderiam ter escrito.”
Em um encontro em que estiveram acompanhados apenas de seus chanceleres e embaixadores de ambos os países, Lula e Kirchner discutiram as eleições deste mês na região - Chile e Bolívia - e também a entrada da Venezuela no Mercosul.
Segundo um dos presentes ao encontro, os dois presidentes falaram "como velhos amigos".
Argentina
Citando os ex-presidentes Raúl Alfonsín, da Argentina, e José Sarney, do Brasil, que deram início à integração bilateral, Lula disse sonhar em ser convidado no futuro, ao lado de Kirchner, para comemorar os indicadores sociais da América do Sul numa situação em que os países terão governos progressistas.
O encontro de Lula e Kirchner em Puerto Iguazú teve a participação de nove ministros do Brasil e de nove da Argentina.
Em seu discurso, no final do evento, Lula disse que o Brasil apóia as negociações da Argentina com o Fundo Monetário Internacional, para garantir, segundo ele, o crescimento econômico que o país vizinho necessita e reclama.
A economia argentina deve crescer neste ano 9%, completando mais de 30 meses seguidos de expansão do PIB (Produto Interno Bruto), em mais de 30%.
“O Brasil quer e se interessa por uma Argentina forte e produtiva. Nesse sentido ela terá o nosso apoio. Uma Argentina forte, um Uruguai forte, um Paraguai forte, uma região forte é importante também para o Brasil”, disse.
As palavras de Lula foram ditas depois do discurso do presidente Kirchner, que ressaltou que a Argentina não pretende se limitar a ser um país de um setor agropecuário, deixando o setor industrial para outros países.
Foi por isso, segundo diplomatas brasileiros, que Lula insistiu que ao Brasil interessa uma Argentina produtiva e desenvolvida em termos tecnológicos.
Diante dos comentários da imprensa argentina de que o Brasil não concordaria com o incremento da aliança da Argentina com a Venezuela, por exemplo, Lula comentou em seu discurso: “Nós queremos a Argentina e o Brasil relacionadas com todo mundo, mas não abrimos mão de que tudo comece primeiro pela relação Argentina e Brasil”.
Lula comentou ainda os principais acordos assinados pelos dois países, que incluem o projeto para desenvolver um satélite brasileiro e argentino, para controle ambiental, a fabricação de remédios genéricos, uma declaração conjunta de política nuclear para cooperação e transferência de tecnologia nesse setor.
Corinthians
No discurso, o presidente Kirchner mandou vários recados para o Brasil. Disse que uma coisa é falar sobre integração, a outra é dar os passos necessários para que ela seja equilibrada.
“Acho que vamos conseguir ter a maturidade e a responsabilidade para superar as assimetrias que hoje registramos na nossa relação bilateral”, disse Kirchner.
“A verdadeira integração é a que estamos realizando conjuntamente protestando pelo fim dos subsídios agrícolas que prejudicam nosso comércio e a troca da dívida por educação, além de trabalhos conjuntos como o que fizemos em Mar del Plata durante a cupula das Americas.”
Por sua vez o presidente Lula disse que a integração existente hoje entre os dois países também não poderia ser imaginada há tempos atrás.
“Era impossível imaginar há alguns meses que um jogador argentino pudesse jogar num time brasileiro ou o contrário. Mas vejam só o Tevez, um cidadão que não tem o estilo do Maradona nem do Ronaldinho, mas ele virou a coisa mais importante da torcida corintiana, que é acusada de pobre”, disse Lula.
As palavras de Lula provocaram aplausos e risos na platéia, de maioria argentina. Lula disse que se o Corinthians for campeão, vai dar de presente a Kirchner uma camisa de Tevez.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Luiz Inácio Lula da Silva
Eleição de Morales na Bolívia seria "extraordinária", diz Lula
MARCIA CARMOda BBC Brasil, em Puerto Iguazú
A duas semanas das eleições presidenciais na Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou transparecer sua preferência pelo candidato e líder cocaleiro Evo Morales, do partido esquerdista MAS.
No discurso do encerramento do encontro com o presidente argentino, Néstor Kirchner, em Puerto Iguazú, Lula disse que a região está vivendo um momento inédito, no qual presidentes progressistas estão sendo eleitos.
“É só olhar o retrato da América do Sul nos últimos três anos e perceber que em nenhum momento da história da região a gente teve tanta possibilidade de uma América do Sul voltada para a sua gente”, disse Lula nesta quarta-feira.
“Olha o que significou a eleição do (Hugo) Chávez na Venezuela. Imagine o que significa se o Evo Morales ganhar as eleições na Bolívia. São mudanças tão extraordinárias que nem mesmo os melhores cientistas políticos dos nossos países poderiam ter escrito.”
Em um encontro em que estiveram acompanhados apenas de seus chanceleres e embaixadores de ambos os países, Lula e Kirchner discutiram as eleições deste mês na região - Chile e Bolívia - e também a entrada da Venezuela no Mercosul.
Segundo um dos presentes ao encontro, os dois presidentes falaram "como velhos amigos".
Argentina
Citando os ex-presidentes Raúl Alfonsín, da Argentina, e José Sarney, do Brasil, que deram início à integração bilateral, Lula disse sonhar em ser convidado no futuro, ao lado de Kirchner, para comemorar os indicadores sociais da América do Sul numa situação em que os países terão governos progressistas.
O encontro de Lula e Kirchner em Puerto Iguazú teve a participação de nove ministros do Brasil e de nove da Argentina.
Em seu discurso, no final do evento, Lula disse que o Brasil apóia as negociações da Argentina com o Fundo Monetário Internacional, para garantir, segundo ele, o crescimento econômico que o país vizinho necessita e reclama.
A economia argentina deve crescer neste ano 9%, completando mais de 30 meses seguidos de expansão do PIB (Produto Interno Bruto), em mais de 30%.
“O Brasil quer e se interessa por uma Argentina forte e produtiva. Nesse sentido ela terá o nosso apoio. Uma Argentina forte, um Uruguai forte, um Paraguai forte, uma região forte é importante também para o Brasil”, disse.
As palavras de Lula foram ditas depois do discurso do presidente Kirchner, que ressaltou que a Argentina não pretende se limitar a ser um país de um setor agropecuário, deixando o setor industrial para outros países.
Foi por isso, segundo diplomatas brasileiros, que Lula insistiu que ao Brasil interessa uma Argentina produtiva e desenvolvida em termos tecnológicos.
Diante dos comentários da imprensa argentina de que o Brasil não concordaria com o incremento da aliança da Argentina com a Venezuela, por exemplo, Lula comentou em seu discurso: “Nós queremos a Argentina e o Brasil relacionadas com todo mundo, mas não abrimos mão de que tudo comece primeiro pela relação Argentina e Brasil”.
Lula comentou ainda os principais acordos assinados pelos dois países, que incluem o projeto para desenvolver um satélite brasileiro e argentino, para controle ambiental, a fabricação de remédios genéricos, uma declaração conjunta de política nuclear para cooperação e transferência de tecnologia nesse setor.
Corinthians
No discurso, o presidente Kirchner mandou vários recados para o Brasil. Disse que uma coisa é falar sobre integração, a outra é dar os passos necessários para que ela seja equilibrada.
“Acho que vamos conseguir ter a maturidade e a responsabilidade para superar as assimetrias que hoje registramos na nossa relação bilateral”, disse Kirchner.
“A verdadeira integração é a que estamos realizando conjuntamente protestando pelo fim dos subsídios agrícolas que prejudicam nosso comércio e a troca da dívida por educação, além de trabalhos conjuntos como o que fizemos em Mar del Plata durante a cupula das Americas.”
Por sua vez o presidente Lula disse que a integração existente hoje entre os dois países também não poderia ser imaginada há tempos atrás.
“Era impossível imaginar há alguns meses que um jogador argentino pudesse jogar num time brasileiro ou o contrário. Mas vejam só o Tevez, um cidadão que não tem o estilo do Maradona nem do Ronaldinho, mas ele virou a coisa mais importante da torcida corintiana, que é acusada de pobre”, disse Lula.
As palavras de Lula provocaram aplausos e risos na platéia, de maioria argentina. Lula disse que se o Corinthians for campeão, vai dar de presente a Kirchner uma camisa de Tevez.
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