Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/03/2006 - 13h21

Palestinos acompanham eleição em Israel com atenção

PAULO CABRAL
da BBC Brasil, em Jerusalém

Os palestinos estão atentos às eleições que acontecem em Israel mas dizem que não têm preferências a respeito dos partidos e candidatos na disputa.

Apesar de o partido Kadima prometer continuar o plano do ex-primeiro ministro Ariel Sharon de retirada unilateral de parte dos territórios ocupados, os palestinos dizem que este é apenas um projeto atendendo a interesses de Israel que não vai lhes trazer grandes vantagens.

“Nós respeitamos a democracia israelense e consideramos qualquer vencedor destas eleições um potencial parceiro para paz. Mas para isso o Israel não pode querer dar ordens e tentar executar planos de maneira unilateral”, disse Saeb Erekat, um importante líder do Fatah e da Organização para Libertação da Palestina e veterano das negociações com Israel.

O Hamas também diz que não se importa com quem vai ganhar as eleições mas as declarações vêm em um tom bem mais agressivo.

“Nós não interferimos no processo eleitoral israelense. Não há nenhuma diferença entre os partidos israelenses porque todos eles são responsáveis pela tragédia que os palestinos estão vivendo e todos eles fizeram coisas contra nós”, disse o recém-empossado ministro de Relações Exteriores do governo do Hamas, Mahmoud al Zahar.

Agressividade

O analista político palestino Talal Okal, da cidade de Gaza, diz que o partido conservador Likud tem a imagem de ser mais agressivo nas relações com os palestinos mas afirma que os planos de retirada do partido Kadima – que tem também grande apoio no Partido Trabalhista – são vistos como muito prejudiciais se adotados sem negociações.

“É verdade que o Likud tem estratégias mais agressivas em temas de segurança mas por outro lado a direita diz que quer seguir o Mapa da Paz (o plano proposto pela comunidade internacional que estabelece etapas de negociações até o estabelecimento do Estado palestino) enquanto o Kadima quer continuar com medidas unilaterais”, disse.

“O plano de Kadima colocaria o processo de paz em uma situação completamente diferente e iria dificultar a aspiração palestinas de constituir um Estado”, diz.

O Kadima, criado pelo ex-primeiro-ministro Ariel Sharon dois meses antes do seu derrame, propõe a retirada de assentamentos isolados ou ilegais na Cisjordânia, que em geral são pequenos. O plano começou com a retirada dos militares e colonos da faixa de Gaza, no ano passado.

O projeto de retiradas limitadas tem o apoio do Partido Trabalhista, mas nenhum grupo político importante em Israel advoga a saída dos grandes assentamentos da região, onde vive a maioria do colonos.

O partido Kadima também quer continuar o projeto iniciado por seu fundador de construir uma barreira isolando as áreas palestinas do território israelense.

Separação

Combinados, os projetos de retirada e da barreira atendem ao plano de separação unilateral entre palestinos e israelenses, que se revelou popular num momento em que pouca gente em Israel acredita na possibilidade de retomada das negociações de paz.

Mas o analista Talal Okal diz que a separação do modo como os israelenses pretendem fazer só vai piorar a condição e as perspectivas dos palestinos.

“O que o Kadima quer é estabelecer fronteiras para Israel com base na barreira, que inclui Jerusalém e grandes partes da Cisjordânia, onde estão os assentamento”, disse.

“Se eles seguirem este plano o território palestino vai ser cortado em três e vai ser impossível construir um país.”

Especial
  • Enquete: que partido negociará melhor a crise israelo-palestina?
  • Leia cobertura completa sobre as eleições israelenses
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições israelenses
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página