08/11/2000 - 06h31

Deputados anunciam fusão de PTB e PDT

da Folha de S.Paulo

Os deputados do PDT e do PTB aprovaram ontem a fusão dos dois partidos, que ainda depende de homologação em convenção. Segundo a decisão, a sigla PTB será mantida, e o PDT deixará de existir. PTB e PDT têm 46 deputados e 4 senadores.

Com a fusão, os dois partidos pretendem se proteger da reforma política defendida pelos governistas, que tende a reduzir o número de siglas, e se fortalecer para a sucessão presidencial.

Segundo o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), a fusão permitirá que o partido tenha candidatos a governador e a senador em todos os Estados e a presidente ou, pelo menos, participe de uma coligação em condições de igualdade com os parceiros.

"A expectativa é que esse partido chegue a 80 deputados. Isso significa maior tempo de televisão. Sem tempo de TV, não há condições de disputa", disse Teixeira. A fusão une partidos com posição divergente em relação ao governo FHC. Enquanto o PDT faz oposição sistemática, o PTB participa do governo em cargos de segundo e terceiro escalões.

"Vamos ser independentes. Não vamos fazer oposição estúpida", afirmou o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ). "A proposta é de oposição ao governo federal, mas estamos preparados para lidar com a complexidade do momento atual", disse Miro Teixeira.

Enquanto a fusão não for aprovada em convenção, os dois partidos continuarão atuando de maneira independente. Os deputados decidiram formar uma comissão para preparar a documentação e o programa do partido que será analisado em um novo encontro no próximo dia 22.

Até a reunião, os dois partidos tentarão acertar divergências regionais. No Rio de Janeiro, por exemplo, os pedetistas e os petebistas disseram que não terão de administrar a convivência do prefeito eleito da capital, Cesar Maia (PTB), com o governador Anthony Garotinho, que são inimigos políticos, porque o governador sairá do PDT. O deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ) é contra a fusão. "Essa união nada tem a ver com as lutas históricas do trabalhismo e do PDT", afirmou.