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13/02/2001
-
03h39
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A oposição busca tirar proveito da briga entre PMDB e PFL para instalar uma CPI Mista no Congresso para investigar todas as denúncias levantadas durante o processo eleitoral para as Mesas da Câmara e do Senado.
O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), declarou que a "baixaria" na Câmara e no Senado mostra ao Brasil que é preciso "varrer do Congresso" a coalizão política formada pelo PFL, PMDB e PSDB. "Ela está decadente, corrompida por dentro, viciada e usa métodos na política que já foram condenados pela sociedade nas eleições de 2000."
Ontem, o líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), começou a coletar as assinaturas para a abertura da CPI, em reunião da oposição. Hoje, o pedido será levado aos parlamentares governistas, principalmente do PFL.
A bancada avalia que o clima de guerra entre os partidos da base governista irá permitir que a oposição consiga o apoio para a investigação. Ontem, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou ser favorável ao pleito petista: "Sou absolutamente a favor de uma CPI mista para investigar as denúncias", disse.
Dirceu, porém, tem dúvidas sobre a aprovação da CPI: "Se o líder do PMDB, do PFL e os candidatos assinassem a proposta de uma CPI, poderíamos fazer a eleição e depois a CPI faria a investigação. Mas, pelo jeito, eles não querem isso também", declarou.
Os líderes do PT acreditam que a CPI é a única maneira de a oposição lucrar com as denúncias que pipocaram nas eleições, envolvendo principalmente PMDB e PFL. O adiamento da eleição, que ocorre amanhã, é considerado inviável. E o clima de possibilidade de surgirem novas denúncias, porém, forçaria os parlamentares a assinar o pedido de CPI.
Além de buscar as assinaturas, os oposicionistas irão tentar que todos os candidatos às presidências da Câmara e do Senado assinem um compromisso de apoiar a CPI caso sejam eleitos.
A oposição vai tentar uma CPI mista porque ela seria instalada
automaticamente, pois não há outros pedidos na fila. Para isso, é necessário obter o apoio de 77 senadores e 171 deputados, um terço das duas Casas.
Há duas argumentações para uma comissão mista. A primeira é que as denúncias envolvem as duas Casas. A outra é que a eleição da Câmara atinge também o Senado, pois o primeiro vice-presidente da Câmara acumula o cargo nas sessões do Congresso.
Além da CPI, a fita que denuncia a suposta compra de deputados do PFL pelo PMDB poderá provocar o boicote do PT ao segundo turno da eleição na Câmara, caso o pleito reúna Aécio Neves e Inocêncio Oliveira. "Ainda bem que o PT lançou candidato próprio. Depois dessa sujeira, dificilmente a bancada vai votar no segundo turno se um dos candidatos não for o nosso", disse o deputado José Genoino (PT-SP).
As bancadas de oposição descartaram apoio à tese de adiamento da eleição, defendida pelo PFL. "Se há suspeitos, é preciso apurar", afirmou Pinheiro. "Não é justo adiar a eleição e colocar todo candidato na mesma vala. Nosso candidato é íntegro."
Os líderes da oposição encaminharam ainda pedido de investigação de todas as denúncias à Corregedoria. "A Corregedoria deveria cumprir sua função e declarar os candidatos envolvidos como suspeitos, o que impediria a participação deles na eleição."
Em Belo Horizonte, Dirceu afirmou que o "casuísmo está predominando" nas eleições no Congresso e que alguns políticos não aceitam adiar a disputa "porque querem vencer no tapetão".
(OTÁVIO CABRAL e RANIER BRAGON)
Leia mais sobre o Congresso Nacional
Oposição tenta aprovar CPI sobre denúncias
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A oposição busca tirar proveito da briga entre PMDB e PFL para instalar uma CPI Mista no Congresso para investigar todas as denúncias levantadas durante o processo eleitoral para as Mesas da Câmara e do Senado.
O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), declarou que a "baixaria" na Câmara e no Senado mostra ao Brasil que é preciso "varrer do Congresso" a coalizão política formada pelo PFL, PMDB e PSDB. "Ela está decadente, corrompida por dentro, viciada e usa métodos na política que já foram condenados pela sociedade nas eleições de 2000."
Ontem, o líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), começou a coletar as assinaturas para a abertura da CPI, em reunião da oposição. Hoje, o pedido será levado aos parlamentares governistas, principalmente do PFL.
A bancada avalia que o clima de guerra entre os partidos da base governista irá permitir que a oposição consiga o apoio para a investigação. Ontem, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou ser favorável ao pleito petista: "Sou absolutamente a favor de uma CPI mista para investigar as denúncias", disse.
Dirceu, porém, tem dúvidas sobre a aprovação da CPI: "Se o líder do PMDB, do PFL e os candidatos assinassem a proposta de uma CPI, poderíamos fazer a eleição e depois a CPI faria a investigação. Mas, pelo jeito, eles não querem isso também", declarou.
Os líderes do PT acreditam que a CPI é a única maneira de a oposição lucrar com as denúncias que pipocaram nas eleições, envolvendo principalmente PMDB e PFL. O adiamento da eleição, que ocorre amanhã, é considerado inviável. E o clima de possibilidade de surgirem novas denúncias, porém, forçaria os parlamentares a assinar o pedido de CPI.
Além de buscar as assinaturas, os oposicionistas irão tentar que todos os candidatos às presidências da Câmara e do Senado assinem um compromisso de apoiar a CPI caso sejam eleitos.
A oposição vai tentar uma CPI mista porque ela seria instalada
automaticamente, pois não há outros pedidos na fila. Para isso, é necessário obter o apoio de 77 senadores e 171 deputados, um terço das duas Casas.
Há duas argumentações para uma comissão mista. A primeira é que as denúncias envolvem as duas Casas. A outra é que a eleição da Câmara atinge também o Senado, pois o primeiro vice-presidente da Câmara acumula o cargo nas sessões do Congresso.
Além da CPI, a fita que denuncia a suposta compra de deputados do PFL pelo PMDB poderá provocar o boicote do PT ao segundo turno da eleição na Câmara, caso o pleito reúna Aécio Neves e Inocêncio Oliveira. "Ainda bem que o PT lançou candidato próprio. Depois dessa sujeira, dificilmente a bancada vai votar no segundo turno se um dos candidatos não for o nosso", disse o deputado José Genoino (PT-SP).
As bancadas de oposição descartaram apoio à tese de adiamento da eleição, defendida pelo PFL. "Se há suspeitos, é preciso apurar", afirmou Pinheiro. "Não é justo adiar a eleição e colocar todo candidato na mesma vala. Nosso candidato é íntegro."
Os líderes da oposição encaminharam ainda pedido de investigação de todas as denúncias à Corregedoria. "A Corregedoria deveria cumprir sua função e declarar os candidatos envolvidos como suspeitos, o que impediria a participação deles na eleição."
Em Belo Horizonte, Dirceu afirmou que o "casuísmo está predominando" nas eleições no Congresso e que alguns políticos não aceitam adiar a disputa "porque querem vencer no tapetão".
(OTÁVIO CABRAL e RANIER BRAGON)
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