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24/02/2001
-
04h08
KENNEDY ALENCAR e FERNANDO RODRIGUES
Fernando Henrique Cardoso sinalizou ontem que estuda fazer uma ampla reforma ministerial em março ao anunciar a demissão dos dois ministros indicados pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Na nota em que demitiu os ministros Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e Waldeck Ornélas (Previdência Social), FHC diz que é preciso "que as lealdades políticas sejam claras" e que dará início "a uma nova fase do governo".
A Folha apurou que a intenção de FHC é alterar a equipe ministerial de acordo com os aliados com que poderá contar, mas tentando deixar claro para o PMDB que a sigla não é intocável e que o PFL precisa isolar ACM oficialmente.
Os cargos de ACM serão entregues a aliados dos dois principais líderes do chamado "PFL do B": o vice-presidente Marco Maciel e o presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC).
"O presidente vai dar espaço político a todos os aliados que sejam leais e que façam indicações competentes, mas deixou claro que a demissão dos dois ministros não foi uma reação tópica. Está extinto o posto de Antonio Carlos neste governo. Que ninguém se candidate a ele", afirmou Arthur Virgílio, líder do governo no Congresso (PSDB-AM).
O presidente deseja que o PMDB e o "PFL do B", ala que se alinha ao Planalto e se opõe a ACM, confirmem "sua lealdade e interesse em colaborar nesta nova etapa político-administrativa".
Ao demitir os ministros, FHC disse que foi determinante na decisão eles não terem se solidarizado com ele após os ataques de ACM. Na nota, afirmou que esperou que Tourinho e Ornélas "tivessem tornado públicas
palavras de confiança em meu governo e de apreço ao presidente".
FHC tem ouvido aliados para definir que tipo de reforma ministerial fará. Já se comprometeu com o "PFL do B" a manter o espaço do partido na equipe. Pode nomear pefelistas para os ministérios que até ontem eram de carlistas ou compensá-los se alguma dessas pastas não for para um membro do partido.
Bornhausen e Marco Maciel desejam uma reforma que tire poder do PMDB, a fim de que os pefelistas não se sintam diminuídos em relação aos peemedebistas.
Segundo a Folha apurou, Bornhausen e Maciel acham fundamental a saída do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, para que possam vencer ACM na disputa que será travada no PFL. Seria uma forma de demonstrar que não serão secundários na "nova fase" do governo FHC.
Maciel indicaria o novo ministro da Previdência. Bornhausen, o de Minas e Energia. O senador José Jorge (PE), do grupo de Maciel e amigo de pescaria de Bornhausen, está cotado para as duas pastas, com maior chance de ir para a Previdência. Também para a Previdência, estão no páreo Renato Folador (PFL-PR), e José Cechin, secretário-executivo que assumiu interinamente.
Para a pasta de Minas e Energia, Bornhausen poderia indicar um técnico de sua confiança. Poderia ser o atual presidente da Eletrosul, Cláudio Ávila. No PFL, há um lobby, com a simpatia de tucanos capixabas, para fazer o deputado federal José Carlos Fonseca ministro das Minas e Energia.
O PSDB gostaria de emplacar na pasta o presidente de Furnas, Euclydes Scalco, que já foi filiado ao partido e tem boa relação com o PFL. Em troca, os pefelistas receberiam o novo Ministério do Desenvolvimento Urbano.
Essa pasta, hoje, está na cota do PMDB. É a Secretaria de Políticas Urbanas, ocupada por Ovídio de Angelis. Os peemedebistas, depois de terem eleito Jader Barbalho (PA) presidente do Senado, aceitam perder o posto.
Para segurar Padilha, que está na mira do PFL e da ala tucana ligada ao governador do Ceará, Tasso Jereissati (CE), o PMDB apressou-se em prestar serviço ao presidente. Evitou dar corda à reabertura das investigações sobre Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência e antigo auxiliar de FHC.
Ex-presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cotado para presidir o PMDB, já esteve mais propenso a aceitar o Ministério da Justiça. Insatisfeito com o desempenho de Gregori, FHC deseja tirar o antigo auxiliar, que nunca foi empecilho para que o cargo pudesse ser usado para composição
política.
O grupo de Tasso deu coro a uma proposta pefelista radical, antes do rompimento de ACM com o governo. FHC praticamente a descartou, mas ela consistia em pedir que todos os ministros que desejassem se candidatar em 2002 deixassem seus cargos.
A proposta tinha endereço: tirar José Serra da Saúde, o que FHC não fará, e os peemedebistas Padilha e Fernando Bezerra (Integração Nacional). Os três são candidatos em 2002, com o detalhe de que Serra é concorrente direto de Tasso a presidente.
Entre os tucanos, há quem defenda que a reforma deixe clara a hegemonia do partido na aliança.
FHC gostaria que Pimenta da Veiga (Comunicações) fosse o novo presidente do PSDB. Mas avalia que ele precisaria deixar a pasta.
Planalto estuda ampla reforma ministerial
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Fernando Henrique Cardoso sinalizou ontem que estuda fazer uma ampla reforma ministerial em março ao anunciar a demissão dos dois ministros indicados pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Na nota em que demitiu os ministros Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e Waldeck Ornélas (Previdência Social), FHC diz que é preciso "que as lealdades políticas sejam claras" e que dará início "a uma nova fase do governo".
A Folha apurou que a intenção de FHC é alterar a equipe ministerial de acordo com os aliados com que poderá contar, mas tentando deixar claro para o PMDB que a sigla não é intocável e que o PFL precisa isolar ACM oficialmente.
Os cargos de ACM serão entregues a aliados dos dois principais líderes do chamado "PFL do B": o vice-presidente Marco Maciel e o presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC).
"O presidente vai dar espaço político a todos os aliados que sejam leais e que façam indicações competentes, mas deixou claro que a demissão dos dois ministros não foi uma reação tópica. Está extinto o posto de Antonio Carlos neste governo. Que ninguém se candidate a ele", afirmou Arthur Virgílio, líder do governo no Congresso (PSDB-AM).
O presidente deseja que o PMDB e o "PFL do B", ala que se alinha ao Planalto e se opõe a ACM, confirmem "sua lealdade e interesse em colaborar nesta nova etapa político-administrativa".
Ao demitir os ministros, FHC disse que foi determinante na decisão eles não terem se solidarizado com ele após os ataques de ACM. Na nota, afirmou que esperou que Tourinho e Ornélas "tivessem tornado públicas
palavras de confiança em meu governo e de apreço ao presidente".
FHC tem ouvido aliados para definir que tipo de reforma ministerial fará. Já se comprometeu com o "PFL do B" a manter o espaço do partido na equipe. Pode nomear pefelistas para os ministérios que até ontem eram de carlistas ou compensá-los se alguma dessas pastas não for para um membro do partido.
Bornhausen e Marco Maciel desejam uma reforma que tire poder do PMDB, a fim de que os pefelistas não se sintam diminuídos em relação aos peemedebistas.
Segundo a Folha apurou, Bornhausen e Maciel acham fundamental a saída do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, para que possam vencer ACM na disputa que será travada no PFL. Seria uma forma de demonstrar que não serão secundários na "nova fase" do governo FHC.
Maciel indicaria o novo ministro da Previdência. Bornhausen, o de Minas e Energia. O senador José Jorge (PE), do grupo de Maciel e amigo de pescaria de Bornhausen, está cotado para as duas pastas, com maior chance de ir para a Previdência. Também para a Previdência, estão no páreo Renato Folador (PFL-PR), e José Cechin, secretário-executivo que assumiu interinamente.
Para a pasta de Minas e Energia, Bornhausen poderia indicar um técnico de sua confiança. Poderia ser o atual presidente da Eletrosul, Cláudio Ávila. No PFL, há um lobby, com a simpatia de tucanos capixabas, para fazer o deputado federal José Carlos Fonseca ministro das Minas e Energia.
O PSDB gostaria de emplacar na pasta o presidente de Furnas, Euclydes Scalco, que já foi filiado ao partido e tem boa relação com o PFL. Em troca, os pefelistas receberiam o novo Ministério do Desenvolvimento Urbano.
Essa pasta, hoje, está na cota do PMDB. É a Secretaria de Políticas Urbanas, ocupada por Ovídio de Angelis. Os peemedebistas, depois de terem eleito Jader Barbalho (PA) presidente do Senado, aceitam perder o posto.
Para segurar Padilha, que está na mira do PFL e da ala tucana ligada ao governador do Ceará, Tasso Jereissati (CE), o PMDB apressou-se em prestar serviço ao presidente. Evitou dar corda à reabertura das investigações sobre Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência e antigo auxiliar de FHC.
Ex-presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cotado para presidir o PMDB, já esteve mais propenso a aceitar o Ministério da Justiça. Insatisfeito com o desempenho de Gregori, FHC deseja tirar o antigo auxiliar, que nunca foi empecilho para que o cargo pudesse ser usado para composição
política.
O grupo de Tasso deu coro a uma proposta pefelista radical, antes do rompimento de ACM com o governo. FHC praticamente a descartou, mas ela consistia em pedir que todos os ministros que desejassem se candidatar em 2002 deixassem seus cargos.
A proposta tinha endereço: tirar José Serra da Saúde, o que FHC não fará, e os peemedebistas Padilha e Fernando Bezerra (Integração Nacional). Os três são candidatos em 2002, com o detalhe de que Serra é concorrente direto de Tasso a presidente.
Entre os tucanos, há quem defenda que a reforma deixe clara a hegemonia do partido na aliança.
FHC gostaria que Pimenta da Veiga (Comunicações) fosse o novo presidente do PSDB. Mas avalia que ele precisaria deixar a pasta.
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