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25/02/2001 - 03h34

Painel do Senado pode ser violado, afirma fabricante

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LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre

O sistema de votação secreta do Senado pode ser violado, pois é a própria administração da Casa quem controla seu software, de acordo com o gerente comercial da empresa gaúcha que fabricou o painel eletrônico, a Eliseu Kopp e Cia. Ltda., Paulo Ricardo Pauli.

"O contrato, que havia entrado em vigor no início de 1997, expirou em maio de 2000. Funciona como um Windows. No caso do Windows, o fabricante fica com a fonte quando o computador é comprado. Nós queríamos ficar com esse controle por uma questão de garantia. Mas o Senado quis que nós o transferíssemos para eles. Então, cedemos", disse Pauli ontem à Agência Folha.

O provável motivo que teria levado o Senado a querer o controle do painel eletrônico, segundo Pauli, seria o interesse em modificar algo em razão de eventuais alterações no regimento interno -o que, tecnicamente, seria uma preocupação compreensível.

"No caso de alteração do regimento, teria de mudar também o software. Talvez o interesse em ficar com o controle do sistema se deva ao fato de o Senado não querer depender de nós para futuras alterações. Sempre achei que o melhor, por uma questão de garantia, era mantermos o controle do sistema, como é de costume. Mas eles não quiseram assim."

"Todos os softwares saem da fábrica 100% seguros e à prova de fraudes, pois não entregamos a fonte do sistema de votação eletrônica. A fonte é o software que gerencia o regimento interno do Senado. Mas nesse caso, quando se encerrou o contrato, foi exigida a entrega das fontes. De poder dela, tudo pode ser alterado", esclareceu a empresa, por escrito.

Originalmente, o sistema impede a identificação individual dos votos. No painel, consta apenas o total da votação.

Por meio de alteração do programa, porém, é possível a identificação individual.

Em conversa com procuradores da República divulgada anteontem, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse possuir lista que mostra como cada um dos parlamentares se posicionou na votação da cassação de Luiz Estevão (PMDB-DF), que foi feita em 2000 em sessão secreta.

Para Carlos Coana, perito do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo especializado em crimes digitais, o fato de os senadores precisarem digitar uma senha antes da votação também abriria brecha para a eventual identificação dos votos.
 

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