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29/03/2001
-
03h34
RAQUEL ULHÔA, da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governo obteve ontem uma vitória no Senado para conter o movimento a favor da criação da CPI da corrupção.
A bancada do PMDB decidiu que nenhum outro senador do partido vai assinar o requerimento da CPI, além dos seis que já deram seu apoio. Isso reduziu a expectativa da oposição de obter as assinaturas necessárias para aprovar a comissão.
Apesar de a decisão do PMDB não ter sido unânime e ter exposto graves divergências internas no partido, o governo comemorou e a oposição foi tomada pelo pessimismo.
"Sem o PMDB fica muito difícil. Havia promessas no partido", disse o líder do bloco da oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), que tem 25 das 27 assinaturas necessárias de senadores, mas não vê perspectiva de obter novos apoios de agora em diante.
Também na Câmara a oposição estava menos confiante ontem. Segundo cálculo do líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), se o PL decidir apoiar a CPI, o total de assinaturas deverá chegar a 150. Para a criação da CPI são necessários 171 deputados. Sem esse apoio, o PT contabiliza ter 143 assinaturas.
Depois da reunião do PMDB, a avaliação do governo foi que a CPI está "combalida". Pela manhã, o presidente Fernando Henrique Cardoso havia se reunido com o presidente do Senado e do PMDB, Jader Barbalho (PA), por mais de uma hora.
Segundo a Folha apurou, FHC voltou a cobrar de Jader apoio do PMDB contra a CPI. Disse que, se o partido faz parte do governo, sua liderança teria de enquadrar a bancada.
O presidente ainda afirmou que, se a CPI avançasse, os líderes do
governo entrariam com uma representação alegando que o requerimento não tinha objeto definido e era muito amplo. Jader foi avisado que, nesse caso, teria de se pronunciar a respeito da legalidade da CPI, apesar de ter assinado a proposta.
Mais tarde, na reunião, Jader pediu que os senadores não dessem seu apoio à CPI. Ele voltou a dizer que assinou o requerimento por uma questão pessoal, por estar envolvido nos casos a serem investigados.
"Entendemos que a CPI é uma ação política da oposição e, como partido da base governista, o PMDB não pode apoiar. O que a base deseja é que não se alcance o número de assinaturas necessário", disse Jader.
Dos 27 senadores do PMDB, 22 estavam presentes à reunião, que durou mais de três horas. Apenas quatro votaram a favor da criação da CPI: Maguito Vilela (GO), Roberto Requião (PR), José Fogaça (RS) e Casildo Maldaner (SC).
Apesar de já ter dado voto favorável, Maldaner afirmou que deverá seguir a decisão da bancada. Pedro Simon (RS) e José Alencar (MG), que também já assinaram o requerimento, não estavam presentes à reunião, mas, consultados por telefone, mantiveram seu apoio à CPI.
Amir Lando (RO), que era uma promessa de assinatura, também estava viajando e, por telefone, disse que seguiria a decisão da maioria.
Pressões
Maguito Vilela disse que vem sofrendo pressões de "todo o governo" para que retire sua assinatura do requerimento, inclusive com ameaças de demissão do ministro Ovídio de Ângelis (Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano), que é do PMDB goiano.
"É mais fácil eu sair do Congresso e da política do que retirar minha assinatura. Podem demitir quem quiserem", afirmou ele, que é o 1º vice-presidente do PMDB.
O senador saiu da reunião criticando o governo e, principalmente, o ministro peemedebista Eliseu Padilha (Transportes).
"O PMDB não aceita a situação das estradas, que estão esburacando e matando pessoas. Por que eu vou defender esse governo? A meu ver, os cargos são estão servindo aos próprios ministros", afirmou Maguito.
Outro fato positivo ao governo, ontem, foi o anúncio de que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) deverá fazer um discurso, em nome do PSDB, condenando a CPI.
Sua escolha para falar pelos tucanos é simbólica, porque ele e seu irmão Osmar Dias (PSDB-PR), também senador, costumam ter uma posição de independência em relação ao governo.
"Quando falaram em CPI da corrupção, minha primeira posição foi de assinar. Mas depois vi que o requerimento é inconstitucional", disse Álvaro Dias.
Leia mais sobre a crise no governo
PMDB frustra perspectivas de CPI
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O governo obteve ontem uma vitória no Senado para conter o movimento a favor da criação da CPI da corrupção.
A bancada do PMDB decidiu que nenhum outro senador do partido vai assinar o requerimento da CPI, além dos seis que já deram seu apoio. Isso reduziu a expectativa da oposição de obter as assinaturas necessárias para aprovar a comissão.
Apesar de a decisão do PMDB não ter sido unânime e ter exposto graves divergências internas no partido, o governo comemorou e a oposição foi tomada pelo pessimismo.
"Sem o PMDB fica muito difícil. Havia promessas no partido", disse o líder do bloco da oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), que tem 25 das 27 assinaturas necessárias de senadores, mas não vê perspectiva de obter novos apoios de agora em diante.
Também na Câmara a oposição estava menos confiante ontem. Segundo cálculo do líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), se o PL decidir apoiar a CPI, o total de assinaturas deverá chegar a 150. Para a criação da CPI são necessários 171 deputados. Sem esse apoio, o PT contabiliza ter 143 assinaturas.
Depois da reunião do PMDB, a avaliação do governo foi que a CPI está "combalida". Pela manhã, o presidente Fernando Henrique Cardoso havia se reunido com o presidente do Senado e do PMDB, Jader Barbalho (PA), por mais de uma hora.
Segundo a Folha apurou, FHC voltou a cobrar de Jader apoio do PMDB contra a CPI. Disse que, se o partido faz parte do governo, sua liderança teria de enquadrar a bancada.
O presidente ainda afirmou que, se a CPI avançasse, os líderes do
governo entrariam com uma representação alegando que o requerimento não tinha objeto definido e era muito amplo. Jader foi avisado que, nesse caso, teria de se pronunciar a respeito da legalidade da CPI, apesar de ter assinado a proposta.
Mais tarde, na reunião, Jader pediu que os senadores não dessem seu apoio à CPI. Ele voltou a dizer que assinou o requerimento por uma questão pessoal, por estar envolvido nos casos a serem investigados.
"Entendemos que a CPI é uma ação política da oposição e, como partido da base governista, o PMDB não pode apoiar. O que a base deseja é que não se alcance o número de assinaturas necessário", disse Jader.
Dos 27 senadores do PMDB, 22 estavam presentes à reunião, que durou mais de três horas. Apenas quatro votaram a favor da criação da CPI: Maguito Vilela (GO), Roberto Requião (PR), José Fogaça (RS) e Casildo Maldaner (SC).
Apesar de já ter dado voto favorável, Maldaner afirmou que deverá seguir a decisão da bancada. Pedro Simon (RS) e José Alencar (MG), que também já assinaram o requerimento, não estavam presentes à reunião, mas, consultados por telefone, mantiveram seu apoio à CPI.
Amir Lando (RO), que era uma promessa de assinatura, também estava viajando e, por telefone, disse que seguiria a decisão da maioria.
Pressões
Maguito Vilela disse que vem sofrendo pressões de "todo o governo" para que retire sua assinatura do requerimento, inclusive com ameaças de demissão do ministro Ovídio de Ângelis (Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano), que é do PMDB goiano.
"É mais fácil eu sair do Congresso e da política do que retirar minha assinatura. Podem demitir quem quiserem", afirmou ele, que é o 1º vice-presidente do PMDB.
O senador saiu da reunião criticando o governo e, principalmente, o ministro peemedebista Eliseu Padilha (Transportes).
"O PMDB não aceita a situação das estradas, que estão esburacando e matando pessoas. Por que eu vou defender esse governo? A meu ver, os cargos são estão servindo aos próprios ministros", afirmou Maguito.
Outro fato positivo ao governo, ontem, foi o anúncio de que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) deverá fazer um discurso, em nome do PSDB, condenando a CPI.
Sua escolha para falar pelos tucanos é simbólica, porque ele e seu irmão Osmar Dias (PSDB-PR), também senador, costumam ter uma posição de independência em relação ao governo.
"Quando falaram em CPI da corrupção, minha primeira posição foi de assinar. Mas depois vi que o requerimento é inconstitucional", disse Álvaro Dias.
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