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07/04/2001 - 03h35

Xerox deixa Espírito Santo e acusa lobistas

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LUCIO VAZ, da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em carta enviada ao governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira, anunciando o fechamento de uma fábrica no Estado, o presidente da Xerox do Brasil, Guilherme Bettencourt, afirma que a empresa havia sido procurada por pessoas que ofereceram uma "intermediação onerosa" para liberar financiamentos retidos e sustar a cobrança de impostos já pagos.

A Xerox tentava liberar financiamentos de aproximadamente R$ 20 milhões do Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias), que beneficia empresas importadoras, e evitar o pagamento de R$ 28 milhões em impostos que já teriam sido pagos.

Nesse período, a empresa teria sido procurada por lobistas que se ofereceram para fazer a "intermediação" para liberar o financiamento.

"Gerentes e diretores da empresa tinham que conviver com o constrangimento provocado por pessoas que, desconhecendo a linha ética que orienta a nossa conduta empresarial, ofereciam seus préstimos e a sua intermediação onerosa para liberar os financiamentos retidos e promover a sustação da cobrança dos impostos que a empresa já pagara", diz um trecho da carta.

Segundo Bettencourt, na carta enviada em 13 de fevereiro, "o escândalo ganhou tal proporção e publicidade que de vários escritórios de advocacia no Espírito Santo nos chegaram ofertas de serviços para a resolução daqueles impasses".

Problema herdado
O presidente da Xerox lembrou na carta que a suspensão dos financiamentos resultantes da participação da Xerox no sistema Fundap ocorreu no governo anterior, do ex-petista Vitor Buaiz. A empresa teria imaginado que se tratava apenas de um problema de fluxo de caixa do Estado.

"Qual não foi a nossa surpresa, no entanto, ao constatarmos que a Xerox era a única mutuária do Fundap cujos financiamentos estavam retidos", comenta Bettencourt.

O presidente da empresa acrescenta que, durante três anos, lutou para evitar o pagamento de R$ 28 milhões em duplicidade. Nesse trecho, relata a intervenção do governador em favor da empresa para resolver a pendência.

"Verdade seja dita, somente por ordem de Vossa Excelência, logo após a sua posse, se realizou a competente perícia documental que acabou demonstrando, de forma inequívoca, que a Xerox do Brasil já havia pago os impostos que lhe eram cobrados de novo", diz a carta.

Apesar do arquivamento dos processos de cobrança indevida do ICMS, persistiu a retenção dos financiamentos do Fundap, que permitiriam a modernização na fábrica da empresa do distrito industrial de Vitória.

Alta tecnologia
A unidade fechada no Espírito Santo era uma fábrica de tecnologia de acabamento para copiadores de alto volume de impressão que funcionou por 13 anos no Estado. Empregava cerca de cem técnicos de alto nível.

A fábrica será instalada em Rezende (RJ). Será mantida no Espírito Santo
outra fábrica Xerox de componentes e peças.

Na carta ao governador, Bettencourt afirma que a Xerox brasileira é a grande derrotada.

"O fechamento dessa fábrica nunca esteve nos nossos planos, e a nossa disposição era modernizá-la e capacitá-la a participar do grande aumento de produção industrial que se verificará na Xerox do Brasil", escreveu.

Em entrevista à Folha, Bettencourt confirmou que a empresa foi procurada por lobistas que ofereciam serviços de intermediação e consultoria. Os contatos foram feitos por telefone e até pessoalmente.

O presidente da Xerox do Brasil afirmou, porém, que nenhuma das conversas com os lobistas prosperou, porque a empresa não autoriza nenhum tipo de negociação visando a liberação de recursos que não seja institucionalmente prevista.

Nos contatos com diretores da empresa, os lobistas mostravam que tinham informações sobre as pendências da empresa com o governo (retenção de financiamentos e cobrança de impostos em duplicidade) e afirmavam que poderiam ajudar na liberação dos recursos.
 

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