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27/03/2002 - 08h47

Ato do MST foi "irresponsável", diz Genoino

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FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo

Em um duro discurso contrário à ação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na fazenda Córrego da Ponte, o deputado federal José Genoino, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, disse ontem que o movimento não merece "nenhuma condescendência" pelo ato.

"O PT é radicalmente contrário à ação do MST na fazenda dos filhos do presidente. Foi um ato irresponsável, um ato isolado. Essa atitude não merece absolutamente nenhuma condescendência de nossa parte", declarou.

O pré-candidato foi além, afirmando que a invasão da fazenda Santa Maria pelo MST, em Teodoro Sampaio (Pontal do Paranapanema, em São Paulo), foi um "novo erro".

A fazenda pertence a Jovelino Mineiro, amigo de Fernando Henrique Cardoso e sócio dos filhos do presidente na Córrego da Ponte, situada em Buritis (MG). Ela foi invadida pelos sem-terra como resposta ao fato de 16 integrantes do movimento terem sido presos após a ação na área dos filhos do presidente.

"Nós precisamos deixar claro ao MST que o PT não está disponível para se solidarizar com a entrada em prédios públicos ou na casa de quem quer que seja. E também não vai se solidarizar com a ocupação de fazenda produtivas", declarou.

A tônica das palavras do deputado petista revela que o partido busca a todo custo evitar ser "contaminado" politicamente pelo episódio da invasão da fazenda Córrego da Ponte.

Mostra também que os candidatos do PT a cargos Executivos em outubro, como é o caso de Genoino, devem se afastar da retórica radical de alguns setores da esquerda e buscar um discurso mais de centro, com ênfase na manutenção da ordem.

Em janeiro, em entrevista à Folha, o próprio Genoino defendeu uma ação enérgica da polícia, admitiu a prisão perpétua e disse que a pobreza não poderia ser responsabilizada pela criminalidade. Outros petistas, após o assassinato do prefeito de Santo André (região metropolitana de São Paulo), Celso Daniel, pediram a ação das Forças Armadas no combate à violência urbana.

Acordo desrespeitado
Sem esconder a contrariedade com a situação, Genoino afirmou que não há possibilidade de o PT buscar agora intermediar um acordo do MST com o governo federal, como já fez no passado.

Em maio de 2000, após uma série de invasões de prédios do governo patrocinadas pelo MST, deputados petistas, incluindo Genoino, mediaram uma saída negociada entre as duas partes. A sede do Incra, por exemplo, acabou desocupada pelos sem-terra.

O acordo, relembra o pré-candidato, previa o compromisso de que a fazenda dos filhos do presidente não seria invadida pelo movimento.

"Houve o comprometimento da parte deles [sem-terra] de não entrar na fazenda Córrego da Ponte. Mas entraram. Então, não contem conosco. Não tem solidariedade desta vez", declarou.

Segundo ele, as recentes ações do MST "não contribuem em nada" para que seja realizada a reforma agrária no Brasil.

"Nós não queremos ocupação em terras produtivas. Nós, quando chegarmos no poder, vamos fazer um amplo programa de reforma agrária a partir das terras improdutivas", disse o parlamentar petista.
 

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