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03/08/2002 - 10h37

Governo vê desvio em central de Paulinho

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ELIANE CANTANHÊDE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Um só trabalhador, com o mesmo CPF, foi usado pela Força Sindical, à sua revelia, para justificar o pagamento de 32 cursos de qualificação profissional no ano passado, em diferentes Estados do país e sobretudo em cidades do interior de São Paulo. Mas só fez efetivamente um curso.

A Força Sindical é presidida por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que está licenciado do cargo para concorrer à Vice-Presidência da República na chapa do candidato Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB).

Isso significa que a candidatura Ciro vai continuar sob tiroteio, mesmo depois da saída do presidente do PTB, José Carlos Martinez, da coordenação da campanha por não responder satisfatoriamente a denúncias sobre empréstimos que recebera de Paulo César Farias, o tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello. Sai Martinez, entra Paulinho na alça de mira.

O trabalhador que teria feito os cursos indevidamente pagos com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) foi identificado e localizado pela Controladoria Geral da União, em inspeção entre 17 e 21 de junho deste ano. Informou, oficialmente, que mora na capital de São Paulo e fez apenas um curso em São Paulo mesmo: o de cozinheiro.

Na relação feita pela Força Sindical para o Ministério do Trabalho com objetivo de justificar e receber os recursos, ele teria feito seis cursos em Itajaí (SC), dois no Recife (PE), um no Rio e o resto em São Paulo: sete na capital, cinco em Jaboticabal, quatro em Marília, três em Mogi-Guaçu, dois em São João da Boa Vista, um em Santo André e um em Lorena.

Essa é apenas uma de várias irregularidades apuradas e que confirmam a suspeita de desvio de parte dos recursos que saíam do FAT para a Força Sindical sob pretexto de realização de cursos de qualificação profissional.

O FAT é um fundo vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego para bancar os programas de seguro-desemprego e abono salarial e para financiar programas de desenvolvimento econômico.

Seus recursos vêm principalmente das contribuições do PIS (Programa de Integração Social) e do Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público). Ele é administrado pelo Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador), um órgão formado por representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do governo.

A denúncias contra a central constam de um relatório de cerca de 30 páginas da Controladoria Geral da União sobre irregularidades em convênios entre o Ministério do Trabalho e a Força Sindical -que tem 15 dias, a partir de 30 de julho, para responder às acusações.

O valor do convênio entre o Ministério do Trabalho e a Força Sindical foi de R$ 38 milhões para cerca de 245 mil vagas de treinamento de trabalhadores.

A inspetoria foi determinada pela controladora-geral da União, Anadyr de Mendonça Rodrigues, a partir de nota publicada na coluna Mônica Bergamo, da Folha, e vem se somar a uma série de investigações sobre o mesmo FAT em 18 Estados, envolvendo políticos de diferentes partidos.

A Controladoria foi criada por FHC, a quem é subordinada. Daí porque Ciro acusa o governo de usar sua estrutura a serviço da candidatura oficial do tucano José Serra e contra as candidaturas adversárias. Anadyr nega.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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