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12/09/2002 - 07h03

Frente Trabalhista diverge sobre destino político de Ciro

RAFAEL CARIELLO
da Folha de S.Paulo, no Rio
LUCIO VAZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A queda do candidato Ciro Gomes (PPS) nas últimas pesquisas eleitorais expôs divergências na Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) sobre o destino político do presidenciável.

Alguns integrantes do PDT e do PTB já discutem a possibilidade de Ciro retirar sua candidatura antes da realização do primeiro turno. Ciro rejeita a hipótese.

O objetivo seria tentar transferir os votos do candidato para Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e provocar a derrota do candidato do governo, José Serra (PSDB), ainda no primeiro turno.

De acordo com um integrante da cúpula do PTB contrário à estratégia, a proposta ganhou força na Frente Trabalhista. A idéia tem apoio maior dentro do PDT, mas esse petebista afirma que ela já é encampada por membros do seu partido e do PPS.

O assunto foi discutido em uma reunião do PDT no Rio no último domingo. Foi tratado como uma solução extremada, caso Ciro não consiga recuperar os pontos perdidos nas últimas pesquisas de intenção de voto, e Serra se consolide definitivamente no segundo lugar da disputa presidencial.

A possibilidade de renúncia também foi tratada, segundo a Folha apurou, em uma reunião anteontem à noite no apartamento do presidente do PDT, Leonel Brizola, no Rio.

O presidente do PPS, senador Roberto Freire, que estava na reunião, disse que Brizola tratou do assunto ligeiramente, ao analisar a possibilidade de ocorrerem fraudes eleitorais.

Freire é contra a retirada da candidatura. "Não existe isso de desistir porque está mal nas pesquisas. Temos um projeto político a perseguir", disse.

Membros do PDT e do PTB afirmam que, para ter o efeito esperado, a retirada da candidatura não poderia ser feita às vésperas da eleição. Fala-se em pelo menos dez dias de antecedência. Aqueles que defendem a proposta dizem que Ciro não teria maiores prejuízos desde que retirasse a candidatura se apresentando como vítima de um processo que não considerou limpo e informando que estaria desistindo para apoiar Lula.

O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), admite que a possível renúncia de Ciro está sendo discutida informalmente na Frente Trabalhista, mas afirma que é contra essa medida. "Temos chances de virar, temos esperança. Então, vamos para a luta."

Jefferson argumenta que Ciro não teria motivos para renunciar e apoiar Lula. "O PT lavou muito as mãos. Enfrentamos o Serra sozinhos. Agora o Serra vai para cima para matar. O PT vai ser triturado igual a carne moída."

Na hipótese de uma disputa entre Lula e Serra no segundo turno, o líder do PTB não deverá tomar partido: "Acho o PT hostil, intolerante, odioso. Mas o Serra jogou sujo, chutou na canela. Será a luta entre o demônio e o diabo. Mas vou ouvir a bancada".

Jefferson defende que Ciro continue na estratégia de reconstrução da sua imagem, arranhada pelos ataques de Serra. Mas reconhece que falta tempo para essa tarefa no programa eleitoral de Ciro. Ele responsabiliza Freire pela não inclusão do PFL na coligação que apóia Ciro. "Ele é o responsável por não termos o PFL e os seus oito minutos no horário eleitoral. Com o PFL, teríamos mais tempo que o Serra."

Veja também o especial Eleições 2002
 

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