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08/10/2002 - 05h50

Eleição sepulta a "República de Collor"

MÁRIO MAGALHÃES
Enviado especial a Maceió
da Folha de S.Paulo

A derrota do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB) no primeiro turno da eleição para o governo de Alagoas se espalhou pelo grupo político que esteve com ele desde a ida para o Planalto em 1990 e o impeachment que o afastou em 1992.

O governador Ronaldo Lessa (PSB) foi reeleito com 52,9% dos votos válidos. Collor recebeu 40,2%, seguido por Judson Cabral (PT), com 4,9%.

O candidato Arnon de Mello (PRTB), 26, filho mais velho de Collor, 52, alcançou 51.039 votos, metade do que precisava para se eleger deputado federal numa legenda não-coligada. Foi apenas o 10º mais votado.

Outro que fracassou foi o deputado federal Augusto Farias (PPB). Ele é irmão de Paulo César Farias, tesoureiro de campanha de Collor assassinado em 1996. Agora, o deputado, indiciado como co-autor do homicídio do irmão, perde o STF (Supremo Tribunal Federal) como fórum privilegiado _o processo deve correr na Justiça de Alagoas.

Euclydes Mello (PT do B), primo do presidente afastado que era deputado federal na era Collor, foi mal na disputa para a Assembléia Legislativa. Como Vitório Malta (PRTB), primo e cunhado de Rosane Malta Collor, mulher de Fernando Collor.

Os deputados estaduais Antônio Hollanda, Délio Almeida e Lucila Toledo, colloridos do PTB, não se reelegeram. O deputado federal Luiz Dantas (PTB) deverá ser suplente _a lista de eleitos ainda não foi anunciada.

O congressista é tio de Cláudia Dantas, que na versão policial difundida em 1996 teria sido o pivô de ciúmes de Suzana Marcolino, que teria matado o namorado PC e se suicidado. Em 1999, inquérito policial descartou essa versão sobre Cláudia.

A "maldição de Collor", como seus adversários trataram os golpes eleitorais sobre o grupo, atingiu também o presidente da Assembléia Legislativa, Antônio Albuquerque (PTB), indiciado pela CPI do Narcotráfico. Ele foi o mais votado para deputado estadual, mas sua bancada caiu de 15 para sete ou oito deputados. Collor não quis dar entrevista ontem.

Brava gente
"O Estado de Alagoas devia isso [a derrota do ex-presidente] a si mesmo e ao Brasil", afirmou ontem Ronaldo Lessa, 53.

Ele repetiu seus termos do domingo: ''Sobre Alagoas, que tem uma concentração de renda brutal, onde o povo foi excluído das escolas, onde a elite foi perversa, eu só tenho uma coisa a dizer: brava gente alagoana. Não é à toa que Zumbi ficou foi aqui, não em outro lugar''.

Uma dimensão histórica da eleição, segundo Lessa, foi que ''a República das Alagoas [grupo em torno de Collor] foi sepultada. Alagoas, que gerou esses políticos, os exorcizou''. O governador, divulgando a melhoria de alguns índices sociais, disse que, às vezes, andará sem o colete que passou a usar para simbolizar as dificuldades do Estado.

Sobre o fato de o usineiro e político conservador João Lyra (PTB) _que não apoiou nenhum candidato a governador_ ter sido o deputado federal mais votado (112.949 votos), Lessa minimizou: ''Não houve uma revolução, não viramos Suíça''.

O governador disse ainda não acreditar em volta de violência política. Em 1998, a deputada federal reeleita Ceci Cunha (PSDB) foi assassinada, abrindo uma vaga na Câmara.

 

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